Como tem ocorrido com frequência, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, saiu novamente em defesa do presidente da República, Jair Bolsonaro, nesta segunda-feira (20). Dessa vez, ele também disse que os nomes dos técnicos da Agência Nacional de Vigilância

Agentes da Polícia Federal fazem diligência na tarde desta segunda-feira (20) para encontrar os bolsonaristas responsáveis pelas ameaças aos servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) após técnicos do órgão terem aprovado o uso de vacinas contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. A perseguição aos funcionários públicos teve início depois que o presidente Jair Bolsonaro estimulou, na sua live da última quinta-feira (16), a identificação dos técnicos e insinuou “providências” contra eles por conta da autorização dos imunizantes para o público infantil.
Uma reportagem da TV Globo mostrou que os diretores da Anvisa receberam novos e-mails com ameaças, o que motivou as diligências realizadas agora. Ainda no domingo (19), o presidente do órgão, Antônio Barra Torres, encaminhou ofício à Procuradoria-Geral da República (PGR), ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), à Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal e ao Ministério da Justiça cobrando providências em relação aos criminosos e exigindo proteção para os servidores intimidados.
Ameaças estimuladas por Bolsonaro
Grupos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro começaram a se mobilizar para pedir a prisão dos diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que autorizaram a vacinação contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. Bolsonaro tentou intimidar a agência durante a live, mas recebeu uma resposta dura da Anvisa. na última quinta-feira (16).
“Pedi, extraoficialmente, o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento de quem são essas pessoas e, obviamente, formem o seu juízo”, disse o presidente na quinta-feira.
Essa tentativa de intimidação foi rechaçada pela Anvisa, mas provocou alarde entre apoiadores do presidente. Movimento chamado “Ações Libertadora”, comandado pelo promotor de justiça aposentado Wilson Koressawa, lançou um documento que serviria de base para pedir o afastamento e a prisão de quatro diretores da agência.
Segundo Koressawa a vacinação em crianças “não se afigura razoável, pois, tal autorização é inconstitucional, ilegal e faz com que os representados incidam, em tese, na prática de vários crimes, infrações administrativas referentes aos deveres inerentes ao cargo e ato ilícito (art. 187, do Código Civil)”.
Para sustentar essa tese o bolsonarista se baseia em teorias conspiratórias de antivacina e em documento emitido pelo grupo negacionista Médicos Pela Vida. Esse movimento se notabilizou por defender o uso do comprovadamente ineficaz “tratamento precoce” com hidroxicloroquina contra a Covid.
Koressawa afirma que a liberação da imunização “deve ensejar o imediato afastamento deles do cargo, a prisão em flagrante ou preventiva, responsabilizando-os administrativa, civil e criminalmente”.
Os alvos dos pedidos de afastamento e de prisão são o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, e os diretores Meiruze Sousa Freitas, Gustavo Mendes Lima Santos e Diogo Penha Soares. No documento, Koressawa ainda pede a suspensão da “vacinação obrigatória” (que não é obrigatória) e do passaporte da vacina e também que todos os gestores que exijam comprovante de vacinação sejam alvo de investigação criminal.