Temer, Segóvia e as perguntas da PF

16 de janeiro de 2018 796

Justamente na semana em que acaba o prazo para que responda às 50 perguntas da Polícia Federal sobre o suspeito decreto dos portos,  Michel Temer chamou para uma conversa o diretor da PF, Fernando Segóvia. Mas disse o Planalto que a reunião foi para tratar de segurança. Se fosse, dela teria participado o ministro da Justiça, chefe da Força Nacional de Segurança. Ou o ministro da Defesa, Raul Jungmann, já que as Forças Armadas agora são usadas cada vez como polícia. Sintomaticamente, quem participou do encontro foi o subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil,  Gustavo do Vale Rocha, que tem sido o assessor jurídico de Temer em suas encrencas judiciais.

Todo mundo fingiu que acreditou mas não podem ter tratado de outra coisa.  Só num governo completamente despudorado o presidente da República convoca o diretor da Polícia Federal para tratar de um questionário apresentado pela própria Polícia Federal, a pedido do relator de um processo, o ministro do STF, Roberto Barroso.

As perguntas são cabeludas, e terminam com a interpelação direta sobre recebimento de propina para a edição do decreto que favoreceu a Rodrimar com a prorrogação da concessão no Porto de Santos. Temer pode nada responder, o que corresponderia a seu direito de ficar calado num depoimento. 

Em breve, acaba o prazo fixado para as diligências e o inquérito será devolvido à Procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Como venho dizendo, não se deve subestimar a possibilidade de que ela apresente uma terceira denúncia contra Temer.  A opção é pedir o arquivamento do inquérito, apesar das evidências amazônicas de que tem caroço neste decreto.

A POLITICA COMO ELA é (POR : TEREZA CRUVINEL)

Tereza Cruvinel atua no jornalismo político desde 1980, com passagem por diferentes veículos. Entre 1986 e 2007, assinou a coluna “Panorama Político”, no Jornal O Globo, e foi comentarista da Globonews. Implantou a Empresa Brasil de Comunicação - EBC - e seu principal canal público, a TV Brasil, presidindo-a no período de 2007 a 2011. Encerrou o mandato e retornou ao colunismo político no Correio Braziliense (2012-2014). Atualmente, é comentarista da RedeTV e agora colunista associada ao Brasil 247; E colaboradora do site www.quenoticias.com.br