Sem maioria, Temer vira zumbi sem protagonismo
A base de apoio a Temer encolheu, entre a votação da primeira denúncia e a vitória desta quarta-feira, que enterrou a segunda. Os 263 votos obtidos em agosto caíram agora para 251, número inferior aos 257 que representam a metade mais um dos votos da Casa, ou a maioria absoluta, marca que confere a qualquer governo o domínio do jogo parlamentar. Isso significa que, daqui para a frente, tudo será mais complicado para Temer. Enfraquecido, transformado em zumbi político, ele perderá o protagonismo político para um Congresso que estará empenhado em garantir a reeleição de seus integrantes em 2018 e buscará distância crescente dele. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, já negocia com seus pares a implementação de uma agenda legislativa pós-denúncia que não será exatamente a agenda do governo. Mercado e agentes econômicos sabem o que significa um presidente sem maioria absoluta e de alguma forma traduzirão esta percepção.
Os votos contra Temer foram 227 em agosto e 233 agora mas nem todos vieram da oposição. Parte dos que votaram contra Temer, filiados a partidos da base governista, acabaram marcando presença, depois de serem pressionados ou cooptados pelo governo, frustrando a estratégia de evitar que a votação ocorresse nesta quarta-feira. Ainda assim, a oposição pode contabilizar um feito: conseguiu pela primeira vez conduzir-se com absoluta unidade e deixou o governo no aperto o dia inteiro, correndo atrás de deputados que ajudassem a garantir o quórum de 342 votos, o que só aconteceu no início da noite.
Jogo encerrado, começa agora um novo momento, a travessia para as eleições de 2018. Um tempo de Brasil ladeira abaixo. Impopular, excluído do jogo eleitoral porque não será candidato nem atuará como eleitor ou cabo eleitoral de ninguém (até porque todos vão querer distância dele), Temer vai dedicar-se à sua agenda de retrocessos em série. Na sexta-feira fará leilões do pré-sal e na semana que vem deve enviar ao Congresso o projeto de modelagem da privatização da Eletrobrás.
E como o tempo para o governo acabar começou a ser contado, agora os negócios serão feitos a toque de caixa. A organização criminosa vai atuar intensamente.
Tristes trópicos!
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A POLITICA COMO ELA é (POR : TEREZA CRUVINEL)
Tereza Cruvinel atua no jornalismo político desde 1980, com passagem por diferentes veículos. Entre 1986 e 2007, assinou a coluna “Panorama Político”, no Jornal O Globo, e foi comentarista da Globonews. Implantou a Empresa Brasil de Comunicação - EBC - e seu principal canal público, a TV Brasil, presidindo-a no período de 2007 a 2011. Encerrou o mandato e retornou ao colunismo político no Correio Braziliense (2012-2014). Atualmente, é comentarista da RedeTV e agora colunista associada ao Brasil 247; E colaboradora do site www.quenoticias.com.br