Se Cassol superar entraves jurídicos, Rocha vai ter dificuldade na reeleição; Lula e Bolsonaro não transferem votos em RO, mostra Ipec

Nesta sexta-feira, 26, o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma julgamento sobre o pedido de revisão criminal feito pelo ex-senador Ivo Cassol. A sessão virtual pode se estender até 2 setembro, ou ser decidida logo de cara. E as eleições em Rondônia também dependem do resultado da sessão. Na prática, o Supremo vai decidir se Cassol cumpriu sua pena e a temporalidade de sua inelegibilidade. Nas contas do italiano, tá tudo certo e ele pode se candidatar. Nas contas dos adversários, ele só poderia voltar em 2026.

De qualquer forma, Cassol já mostrou que é uma força política incontestável. Lançou sua candidatura no último minuto, numa convenção improvisada e com uma liminar embaixo do braço. E sua entrada sacudiu o cenário eleitoral, e o Ipec, antigo IBope, comprovou isso na primeira sondagem feita após o anúncio de Cassol. O italiano está empatado tecnicamente com o governador Marcos Rocha, que detém a máquina pública e está em campanha há quatro anos.

A pesquisa ouviu 800 pessoas entre os dias 21 e 23 de agosto em 26 cidades rondonienses. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número RO-08675/2022.

Na sondagem estimulada, aquela em que o entrevistador fala o nome do candidato, o cenário foi esse:

Resposta estimulada e única, em %:

• Marcos Rocha (União): 30%
• Ivo Cassol (PP): 29%
• Marcos Rogério (PL): 13%
• Léo Moraes (Podemos): 6%
• Daniel Pereira (Solidariedade): 2%
• Pimenta de Rondônia (PSOL): 2%
• Comendador Val Queiroz (Agir): 1%
• Brancos e nulos: 8%
• Não souberam: 9%

A situação muda um pouco na espontânea, mas garante o italiano no segundo turno:

Pesquisa espontânea e única, em %:

• Marcos Rocha (União): 20%
• Ivo Cassol (PP): 10%
• Marcos Rogério (PL): 6%
• Léo Moraes (Podemos): 2%
• Daniel Pereira (Solidariedade): 1%
• Comendador Val Queiroz (Agir): 0%
• Pimenta de Rondônia (PSOL): 0%
• Outros: 1%
• Em branco/nulo: 8% 
• Não sabe: 53%

Evidente que os números são desalentados tanto para a campanha de Rocha, quanto de Marcos Rogério e Leo Moraes, mas também não é motivo de pânico. O Ipec (Ibope) sempre teve dificuldades em Rondônia, o eleitorado é altamente volátil e se deixa influenciar até por memes de internet ou ‘viradas’ feitas em recortes de debates eleitorais. O que as campanhas precisam é corrigirem seus rumos. Todas estão centradas em suas respectivas bolhas, ou seja, falam apenas para seus próprios eleitores. Os números de Cassol são os mesmos de eleições anteriores, historicamente ele sempre deteve esse percentual.

A sondagem mostra porém, que Daniel Pereira, ex-governador que fez aliança com o PT, não está conseguindo cooptar os votos da legenda para sua candidatura. Lula mantém em Rondônia o mesmo percentual que o PT sempre teve no Estado. Ficou assim na estimulada para presidente:

Resposta estimulada e única, em %:

• Jair Bolsonaro (PL): 54%
• Lula (PT): 27%
• Ciro Gomes (PDT): 5%
• Simone Tebet (MDB): 2%
• Pablo Marçal (Pros): 1%
• Vera Lúcia (PSTU): 1%
• Felipe d’Avila (Novo): 0%
• Léo Péricles (Unidade Popular): 0%
• Sofia Manzano (PCB): 0%
• Soraya Thronicke (União Brasil): 0%
• Roberto Jeferson (PTB): 0%
• Em branco/nulo: 6%
• Não sabe: 4%

O candidato Eymael (DC) não pontuou.

O mesmo podemos falar sobre Marcos Rogério. Se Bolsonaro tem 54%, e Rocha, que também é bolsonarista de carteirinha pontua 30% na estimulada e o senador 6%, temos 18% de votos de simpatizantes do capitão voando em Rondônia. E eles não migraram para Cassol porque a Ipec praticamente confirma sondagens anteriores, ao menos em relação aos números de Rocha e Rogério.

Por enquanto o cenário está favorável a Cassol, mas tudo pode mudar a partir do julgamento. Se o STF o liberar, ele sai legitimado e fortalecido, e qualquer entrave que surja no Tribunal Regional Eleitoral não será suficiente para deixa-lo fora do páreo, porque a campanha é curta e faltam 38 dias para as eleições. Se o resultado for desfavorável, ele seguirá até o minuto final, levando sua irmã Jaqueline a tiracolo mirando a vaga ao Senado. De qualquer forma, Cassol conseguiu fazer seu comercial.