PGR: Torres admitiu ter mentido sobre “fraude” em live com Bolsonaro

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou, na denúncia sobre a trama golpista após as eleições de 2022, que o ex-ministro da Justiça Anderson Torres admitiu ter mentido sobre a existência de fraude ou manipulação de voto durante live com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Ouvido pela Polícia Federal em 26.8.2021′, ANDERSON GUSTAVO TORRES confirmou a participação na live realizada pelo ex-presidente e admitiu, então, que mentira na transmissão, reconhecendo que ‘não foi possível depreender do material que teve acesso a existência de fraude ou manipulação de voto’.
Evidenciou-se a intenção dos denunciados de propagar informações sem lastro, inverídicas, sobre o sistema eleitoral. A concitação expressa às Forças Armadas marca o início da execução do plano de ruptura com o Estado Democrático de Direito. Sedimentou-se, a partir daí, a mensagem que seria sistematicamente replicada pela organização criminosa – a de tornar natural e desejável o uso da força contra as instituições democráticas.”
A denúncia
Gonet denunciou na terça-feira, 18, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos crimes de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. O material foi remetido ao ministro do STF Alexandre de Moraes, relator dos processos relacionados à trama golpista após as eleições de 2022.
“O SR. JAIR MESSIAS BOLSONARO pelos crimes de liderar organização criminosa armada (art. 2º, caput, §§2º, 3º e 4º, II, da Lei n. 12.850/2013), tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do CP), golpe de Estado (art. 359-M do CP), dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima (art. 163, parágrafo único, I, III e IV, do CP), e deterioração de patrimônio tombado (art. 62, I, da Lei n. 9.605/1998), observadas as regras de concurso de pessoas (art. 29, caput, do CP) e concurso material”, denuncia o PGR.
Gonet resolveu fatiar a denúncia e, além de Bolsonaro, foram denunciadas 33 pessoas, entre as quais, os generais Walter Braga Netto, ex-candidato a vice-presidente na chapa de 2022, Augusto Heleno e o então comandante da Marinha Almir Garnier.
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-chefe da Abin, foram denunciados pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima, e deterioração de patrimônio tombado.