PGR deve pedir prisão preventiva de Carla Zambelli, que deixou o país após condenação pelo STF
Deputada alega perseguição judicial e busca tratamento médico na Europa, enquanto advogado deixou sua defesa
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou, em entrevista à Rádio Auriverde na manhã desta terça-feira (3 de junho de 2025), que deixou o Brasil e está na Europa. A saída do país ocorre após sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão em regime fechado, por envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023.
Segundo informações do jornal O Globo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve apresentar ainda hoje ao STF um pedido de prisão preventiva da parlamentar, que pode resultar na perda de seu mandato e na execução imediata da pena, caso aprovado.
Zambelli justificou sua viagem à Europa como necessária para tratar um problema de saúde, mas também afirmou ser vítima de “perseguição judicial”. Em sua defesa, ela questiona a legitimidade do processo que levou à sua condenação. O advogado Daniel Bialski, que representava a deputada até recentemente, confirmou que ela o informou sobre a viagem para dar continuidade a um tratamento médico. No entanto, Bialski anunciou que deixou a defesa de Zambelli “por motivos de foro íntimo”, sem detalhar as razões.
A condenação de Zambelli está relacionada a um esquema orquestrado com o hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por outros casos de invasão de sistemas. Segundo a PGR, a deputada foi a “autora intelectual” da inserção de documentos falsos no sistema do CNJ, incluindo um mandado de prisão forjado contra o ministro Alexandre de Moraes, redigido como se tivesse sido assinado pelo próprio magistrado.
Além disso, foram inseridas ordens falsas de soltura de presos, incluindo um líder da organização criminosa Comando Vermelho. Esses atos, segundo a acusação, tinham o objetivo de desestabilizar a credibilidade do Judiciário e incitar movimentos antidemocráticos.
A sentença do STF, proferida em 14 de maio de 2025 pela Primeira Turma, foi unânime e incluiu, além da pena de dez anos, a perda do mandato parlamentar (ainda a ser formalizada pela Câmara dos Deputados após esgotados os recursos) e uma multa de R$ 2 milhões por danos morais coletivos. Delgatti, que confessou a invasão, foi condenado a oito anos e três meses de prisão. A defesa de Zambelli nega as acusações, alegando falta de provas concretas e falhas processuais, mas os recursos apresentados não suspenderam a decisão.
Embora Zambelli tenha tido seu passaporte apreendido em 2023 durante as investigações, o documento foi devolvido pelo STF, permitindo que ela deixasse o país sem restrições legais imediatas. Sua saída antes da conclusão de todos os recursos contra a condenação levantou preocupações sobre um possível risco de fuga. Fontes do STF indicam que, caso a prisão preventiva seja concedida, medidas como a retenção do passaporte ou a inclusão de Zambelli na lista de procurados da Interpol podem ser adotadas.
A decisão sobre sua prisão dependerá da análise do STF após o pedido da PGR, e o país onde ela se encontra – segundo ela na Itália – precisará decidir sobre a cooperação com a Justiça brasileira.
Além do caso do CNJ, Zambelli enfrenta outras batalhas judiciais. No STF, ela é ré em uma ação por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento, relacionada a um episódio em outubro de 2022, quando perseguiu um homem com uma arma em São Paulo, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais.
Nesse processo, a maioria dos ministros votou pela condenação, com pena proposta de cinco anos e três meses em regime semiaberto, mas o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques. Em outra frente, em janeiro de 2025, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) cassou seu mandato por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação nas eleições de 2022, decisão que está suspensa enquanto recursos são analisados.
A notícia da saída de Zambelli gerou reações polarizadas. Postagens no X mostram opiniões divididas: enquanto alguns usuários a defendem, endossando sua narrativa de perseguição política, outros celebram a possibilidade de sua prisão, apontando suas ações como um ataque às instituições democráticas.
Uma postagem verificada no X, datada de 20 de março de 2025, afirmou erroneamente que um mandado de prisão já havia sido emitido, o que não se confirmou, já que o pedido da PGR só foi reportado como iminente nesta terça-feira. Essas reações, embora não sejam provas, refletem o clima de tensão em torno do caso.
A viagem de Zambelli à Europa e sua intenção declarada de continuar sua luta contra o que chama de abusos judiciais abrem um novo capítulo em sua trajetória política marcada por controvérsias.
Resta saber se sua saída do país resultará em consequências legais imediatas ou intensificará o embate entre seus apoiadores e o Judiciário, enquanto o STF avalia o pedido da PGR.
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PAINEL POLITICO (ALAN ALEX)
Alan Alex Benvindo de Carvalho, é jornalista brasileiro, atuou profissionalmente na Rádio Clube Cidade FM, Rede Rondovisão, Rede Record, TV Allamanda e SBT. Trabalhou como assessor de imprensa na SEDUC/RO foi reporte do Diário da Amazônia e Folha de Rondônia é atual editor do site www.painelpolitico.com. É escritor e roteirista de Programas de Rádio e Televisão. .