PF liga suplente de Alcolumbre a saques de R$ 3 milhões
O empresário Breno Chaves, 2º suplente do senador Davi Alcolumbre (União-AP), realizou ao menos R$ 3 milhões em saques em espécie, segundo a Polícia Federal (PF).
Como mostrou a coluna, Breno Chaves foi alvo de busca nesta terça-feira (22/7) na operação da PF em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) que mira desvios no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Amapá (DNIT/AP).
A operação Route 156 cumpriu 11 mandados de busca para avançar na apuração sobre um esquema criminoso de direcionamento de licitações e desvio de recursos públicos federais vinculados a contratos de manutenção e recuperação da rodovia BR-156, no Amapá.
Segundo a PF, a investigação indica para a “existência de uma organização criminosa estruturada no âmbito da Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Amapá (DNIT/AP), que teria fraudado o caráter competitivo de pelo menos quatro pregões eletrônicos”.
Alcolumbre não é investigado, mas a PF afirma que Breno Chaves se “utilizava de sua proximidade com o senador para, a pretexto de influir em atos de agente público, obter vantagens indevidas, conduta que se amolda ao tipo penal de tráfico de influência”.
Breno Chaves é apontado como líder do esquema e um dos elementos utilizados pela PF para pedir busca em seus endereços foram as transações suspeitas apontadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Davi Alcolumbre, presidente do Senado Federal
A PF atrela a Breno Chaves a realização de ao menos R$ 3 milhões em saques entre 2023 e 2014.
A origem dos saques, diz a decisão que autorizou a operação, são as empresas LB Construções e Construtora e Reflorestadora Rio Pedreira, as duas ligadas ao empresário e alvos da investigação por causa de contratos com o Dnit.
Na decisão, a Justiça cita Breno Chaves como “líder do núcleo privado, exercendo forte ingerência institucional no DNIT/AP, valendo-se de sua condição de suplente de Senador da República para praticar, em tese, o crime de tráfico de influência”.
Defesa
Em nota enviada à coluna, a assessoria de comunicação de Alcolumbre afirmou que o senador não possui qualquer relação com as empresas citadas na operação desta terça-feira (22), nem com a atuação empresarial do seu segundo suplente.
“Alcolumbre reitera seu respeito às instituições e entende que todos os envolvidos devem prestar os devidos esclarecimentos à Justiça, respeitado o devido processo legal”, diz a nota.
Sobre o vídeo em que aparece ao lado de Linhares, a assessoria do senador afirma que o parlamentar mantém diálogo institucional com órgãos federais no estado, o que inclui reuniões e agendas públicas com representantes de entidades, diretores e autarquias, entre outros.
“Assim como diversos parlamentares em todo o país, há registros em vídeo dessas agendas, que fazem parte da rotina do trabalho legislativo”, afirma.
Ainda, a nota reitera que o senador “tem atuação dedicada à defesa de obras estruturantes no Amapá” e, especificamente sobre as investigações em curso, ele defende a “apuração dos fatos e entende que os envolvidos devem prestar os devidos esclarecimentos à Justiça”.
Já o Dnit, também em nota, afirma o órgão colabora com a investigação, visando a completa elucidação dos fatos e diz repudiar “qualquer prática fraudulenta ou ato de corrupção e conta com uma Política Antifraude e Anticorrupção que, entre outros aspectos, deixa clara essa premissa”.
“As instâncias de integridade da autarquia também estão apurando os fatos a fim de adotar as medidas administrativas que forem necessárias […] O DNIT está em permanente contato com os órgãos de controle e reafirma que pauta sua atuação dentro da legalidade e lisura, respeitando todos os princípios éticos da administração pública”, diz trecho da manifestação.
A coluna não conseguiu contato com Marcello Linhares e Breno Chaves. O espaço segue aberto para futuras manifestações.