OS POLÍTICOS QUE “HUMILHARAM” A EMBRAER

30 de abril de 2020 425

Ozíris Silva é um raro cidadão motivo de orgulho para o povo brasileiro. Seu nome se confunde com a história da EMBRAER, da qual é o pioneiro, e a presidiu por 20 anos, desde a sua fundação, em 1969, época da chamada “ditadura” militar.                                                                                 

Ozíris Oficial Aviador e Piloto da Força Aérea Brasileira, voando no Correio Aéreo Nacional (FAB)  durante 5 anos. Dentro da sua brilhante  biografia, foi uma espécie de “Saint-Exupéry” (autor de “Pequeno Príncipe”),filósofo, escritor, e aviador francês, que também chegou a voar o  correio aéreo Europa-Brasil, entre os anos de 1929 e 1931, atravessando o Oceano Atlântico, sozinho ,num monomotor. Uma das escalas  do “correio” era no “Campéche”,Florianópolis,numa pista de areia.Os “catarinas” chamavam-no de “Zé Perri”.

Ozíris Silva também presidiu a Varig  e a Petrobrás, dentre outras empresas.

Durante os vinte anos em que o “espírito” de Ozíris esteve presente na EMBRAER, a empresa só cresceu, “repelindo” o complexo de “viralatas”, que ainda contamina muitos brasileiros. Nesse tempo a EMBRAER já fabricava  aviões comerciais,executivos e militares,todos de grande sucesso mundial.

Mas bastou o Regime Militar entregar o comando do país aos políticos,em 1985,que eles já começaram a “esculhambar” essa empresa, não demorando para que “afastassem”  Ozíris Silva, que certamente seria um  empecilho na nova ordem em vista: negociatas e corrupção.

Finalmente , em 1994,no Governo de Itamar Franco, que tinha à frente do Ministério da Fazenda  Fernando Henrique Cardoso, resolveu privatizar a EMBRAER. Foi o “embrião” da “privataria tucana”, que iria se instalar a partir do ano seguinte (1995).

A partir da sua privatização, a EMBRAER deixou de crescer na medida mais prudente , e passou a ter um crescimento descontrolado, a “inchar”, apesar do grande sucesso  mundial na  sua linha produção dos   jatos comerciais  ERJ-145,ERJ-145 ,e EMBRAER E-170,175,e 195 e, mais recentemente do cargueiro KC-390.

A “corrupção” passou a fazer parte das “operações” rotineiras  da EMBRAER, tanto que em 2016 ela foi condenada a pagar pela Justiça Americana a exorbitante quantia de US$ 206 milhões de multa, por pagar propinas em negociações na Índia,Arábia Saudita,República Dominicana e Moçambique.

A recente negociação da EMBRAER com a BOEIN G (uma “joint venture”), ”abortada” pela americana, alegadamente por motivos da nova conjuntura mundial, inclusive reforçada pela  “peste da China”, pela qual 80% da produção dos jatos comerciais da EMBRAER  passariam às mãos  da BOEING, pelo que a EMBRAER receberia US$ 5,26 bilhões nessa negociação, jamais poderia ter causado um impacto tão grande à empresa brasileira, chegando ao ponto de “vida-ou-morte”, ou mesmo da sua completa humilhação e  desmoralização ,em virtude do fracasso das negociações, quando  a brasileira chegou a “implorar’ reconsideração da americana. Como deixaram a EMBRAER chegar à essa situação de “desespero”? Quem são os responsáveis”? Como jogar fora assim ,gratuitamente, um dos maiores feitos do Regime Militar?

Mesmo o Presidente Jair Bolsonaro não tendo exercido  o  seu direito de “vetar” essa venda da EMBRAER à BOEING , portanto, concordando com dita negociação, na verdade a EMBRAER já havia deixado  de ser “autenticamente” brasileira ,desde a sua privatização. Ela ainda é uma empresa brasileira,mas só para “inglês ver”, porém comandada por grupos de interesses estrangeiros, principalmente fundos americanos.

É uma lástima o que fizeram com a  EMBRAER !!!

Sérgio Alves de Oliveira

Advogado e Sociólogo

O CONTRAPONTO

Sérgio Alves de Oliveira