Novos cortes na Educação não são descartados, diz Weintraub

15 de maio de 2019 508

Jornal GGN – O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse durante café da manhã com jornalistas, promovido pelo próprio MEC na terça-feira (14), que novos cortes no orçamento da pasta não estão descartados.

“Esta semana tem reunião com o JEO [Junta de Execução Orçamentária] na quinta e na sexta, e vou perguntar para o Paulo Guedes [ministro da Economia] especificamente sobre isso”, explicou, segundo informações de jornalista do ValorEconômico que estava no encontro.

“Hoje, não tenho como antecipar, minha vida tem sido realmente bem corrida”, completou.

Weintraub comentou ainda que não pode garantir a blindagem do orçamento do MEC. “A única certeza na vida é a morte e os impostos, isso é 100%”, ironizou. Apesar do contingenciamento, o ministro fez questão de elogiar Guedes. “Ele é uma pessoa técnica e muito afável”, segundo sua avaliação.

A decisão do governo Bolsonaro de contingenciar R$ 29,5 bilhões no Orçamento, via decreto publicado em edição extra do Diário Oficial da União, teve repercussão negativa, especialmente em relação aos cortes no MEC, pasta mais atingida com a redução de R$ 5,8 bilhões. Pela Lei Orçamentária Anual, a Educação tinha R$ 23,6 bilhões a sua disposição, portanto agora são R$ 17,8 bilhões em caixa. Leia também: Dia Nacional de Greve na Educação – manifestações ocorrem em todo o país

Em seguida, o MEC divulgou um comunicado informando que universidades e institutos federais “tiveram 30% das suas dotações orçamentárias anuais bloqueadas”. Os motivos inicialmente, não foram explicitados em nota. Mas em uma entrevista ao jornal Estado de S.Paulo, Weintraub associou os gastos em universidades com “balbúrdia” praticada nos espaços educacionais.

A série de ações de contingenciamento do MEC incluem ainda o recolhimento de bolsas Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A ação aconteceu no início do mês, quando a gestão de várias universidades, ao entrar no sistema para nomear novos contemplados de bolsas, descobriram o recolhimento delas.

Em nota, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) se manifestou afirmando que a suspensão de bolsas pode atrapalhar na retomada do descimento do país porque afeta as pesquisas.

“Esses cortes que atingem o pior orçamento da década para esses setores consolidam um projeto de governo que fere de morte o ensino superior, a pós-graduação e a ciência nacional, enterrando qualquer possibilidade de retomada do desenvolvimento brasileiro e de futuro”, pontuou a entidade.

No café da manhã com jornalistas, o ministro da Educação comparou ainda à necessidade dos cortes na sua pasta com a gerência comum na vida cotidiana de cada cidadão.

“Isso é gerenciar. Eu gerencio: ‘o que precisa agora? Comprar remédio e trocar o pneu do carro’. é importante, mas dá para segurar para o segundo semestre. Dá, fica com pneu careca, mas o meu filho está com dor agora. Então, vai administrando e é isso que estamos fazendo”, disse.

A fala de Weintraub revela a maneira como o atual governo não considera o retorno social do investimento público. Um trabalho elaborado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) demonstra que cada R$ 1 investido pelo governo em ações sociais traz de volta R$ 1,37 em riquezas para a economia do país. Ainda, de acordo com a entidade, a educação é a área que mais gera valor para a economia: cada R$ 1 investido pelo governo no setor corresponde a R$ 1,85 de aumento no PIB.

Além de olvidar dados disponíveis pelo instituto público, o ministro da Educação defendeu, mais uma vez, a reforma da Previdência como caminho único para resolver o déficit orçamentário da União.

“Se não passar, o câmbio vai bater R$ 4,50, o preço do diesel sobe, vai ter greve de caminhoneiros”, alardeou. Segundo Weintraub, o diálogo entre o governo e as Universidades estaria acontecendo, voltando a questionar a eficiência dos gastos público nestas instituições.

“Com quase 40 dias, a gente recebeu 50 reitores aqui. Eles vêm e eu explico o contingenciamento”, afirmou completando que apesar do corte criar “polêmica e celeuma” a proposta é melhorar a aplicação dos recursos: “Será que as universidades estão gastando direitinho?”, concluiu.