Novembro Afro – Festa pela consciência Negra.

21 de novembro de 2017 949

As comemorações relativas à Consciência Negra em Porto Velho, começaram sábado passado (18), no Mercado Cultural com a realização da 1ª Feira Afro e apresentações de alguns Terreiros de Umbanda e Candomblé, a programação cultural encerrou com as apresentações dos grupos folclóricos boi bumbá Diamante Negro, grupo de dança Waitiku Mayakan e Quadrilha Flor da Primavera.
 
A programação continuou na tarde de ontem segunda feira 20, data comemorativa a Zumbi dos Palmares, com a Audiência Pública solicitada pelo deputado Anderson do Singeperon que discutiu a efetividade das leis federais nº 10.639/2003 e 11.345/2008 que dispõem sobre a implementação do ensino da “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” e sua execução na grade curricular nas escolas estaduais.
 
Dia Nacional da Consciência Negra
 

Dia da Consciência Negra! Esta data foi estabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. Foi escolhida a data de 20 de novembro, pois foi neste dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.
 
A homenagem a Zumbi foi mais do que justa, pois este personagem histórico representou a luta do negro contra a escravidão, no período do Brasil Colonial. Ele morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também uma forma coletiva de manutenção da cultura africana aqui no Brasil. Zumbi lutou até a morte por esta cultura e pela liberdade do seu povo.
 
Importância da Data
 
A criação desta data foi importante, pois serve como um momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional. Os negros africanos colaboraram muito, durante nossa história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país.
 
A abolição da escravatura, de forma oficial, só veio em 1888. Porém, os negros sempre resistiram e lutaram contra a opressão e as injustiças advindas da escravidão.
 
Vale dizer também, que sempre ocorreu uma valorização dos personagens históricos de cor branca. Como se a história do Brasil tivesse sido construída somente pelos europeus e seus descendentes. Imperadores, navegadores, bandeirantes, líderes militares entre outros foram sempre considerados heróis nacionais. Agora temos a valorização de um líder negro em nossa história e, esperamos, que em breve outros personagens históricos de origem africana sejam valorizados por nosso povo e por nossa história.

 

 


 

Lenha na Fogueira

 

A Consciência Negra em Porto Velho Foi comemorada timidamente.


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Quando escrevo timidamente, não quer dizer que a realização da 1ª Feira Afro, coordenada pelo Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Estado de Rondônia não foi boa, muito pelo contrário, merece todos os elogios, pela organização e programação desenvolvida sábado no Mercado Cultural.


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O timidamente foi porque, me lembrei do tempo que a gente participava do Movimento de Criação Cabeça de Negro. Naquele tempo o “Cabeça de Negro” realizava todos os anos, uma programação que contava com apresentações musicais, peças teatrais, poesia, dança, desfile de moda etc.


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E não faltava aquele almoço regado a pratos típicos como Feijoada, Caruru, Angu que a turma incrementava com a nossa Panelada. Tudo regado a muita cachaça.


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Bubu Johnson, Adaídes – Dada, Carlinhos Maracanã, Júnior Johnson, Ana Maria, Ana Aranda, Sílvio Santos, Baba, Bainha, Poeta Mado, Jorge do Areal, Bola Sete e mais um bocado de gente. Depois se juntou ao Cabeça de Negro a Accunerá comanda pelo Silvestre e a Marcha para Zumbi, passou a contar com os Terreiros de Umbanda e Candomblé.


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A Banda em cima de um trio elétrico, era acompanhada por uma multidão e esse desfile terminava com um grande show de cultura Afro/brasileira.


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O Negro em Porto Velho chega com a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré com uma singularidade particular. Os Negros que vieram de Barbados e outras ilhas caribenhas, vieram contratados como operários especializados.


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Quer dizer, não atuaram como “cassaco” (trabalhador braçal), ao contrário, eram os Chefes. Aquela cena da mini série Mad Maria onde um Negro decepa a cabeça de um branco alemão, é verdadeira.


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Acontece que os brancos alemãs que vieram para a construção da EFMM eram estivadores analfabetos, que trabalhavam nos portos da Alemanha.


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Por serem brancos, não queriam acatar as ordens dos Mestres Negros o que gerou a revolta, que terminou com a degola de um dos alemães.


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Porto Velho pode dizer, pelo menos em se falando de Madeira Mamoré, não teve quilombo.


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Só depois do município criado em 1914, foi que começaram a se formar comunidades, que tinham como maioria de seus habitantes, negros. Assim surge o Mocambo criado pela negra maranhense Esperança Rita que também foi a responsável pelo primeiro “Batuque” de Porto Velho o “Terreiro de Santa Bárbara”.


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Ao redor do Batuque foram erguidas várias casas até que o Mocambo se transformou no reduto da boemia da cidade.

 

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Como a Vila Confusão chegava a esquina da rua General Osório principal passagem do centro para o Mocambo, os moradores das duas comunidades eram amigos, tanto, que o negro Eliezer dos Santos o BOLA SETE junto com alguns moradores do Mocambo como Antônio Coxó criou a escola de samba “Deixa Falar” no ano de 1946.


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Podemos dizer, que Porto Velho teve quatro ciclos da incidência negra, a Imigração, quando vieram os negros Barbadianos trabalhar na Estrada de Ferro.


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A Migração, quando para cá vieram brasileiros do sudeste e nordeste como soldado da borracha e entre eles muitos negros e a mais recente, com a construção das usinas do Madeira.


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Atualmente vivemos a Imigração dos Haitianos que vem em busca de melhores dias em terras portovelhense.

 

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Estamos nos referindo apenas aos negros que vieram e habitam a capital Porto Velho, pois, estamos nos referindo apenas a incidência da raça na capital rondoniense.


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A história da ocupação das terras que formam o estado de Rondônia começa, com a chegada dos negros no Vale do Guaporé no século XVIII.

 

 

LENHA NA FOGUEIRA (ZEKATRACA)

Colaborador do Que Notícias, ZEKATRACA é titular da coluna Lenha na Fogueira no jornal Diário da Amazônia. E-mail: zekatracasantos@gmail.com