Militar dos EUA confessa vazamento de segredos de Estado

5 de março de 2024 74

Um membro da Guarda Nacional do Ar dos EUA confessou ter publicado dezenas de documentos confidenciais na internet, no que é considerado um dos vazamentos de inteligência mais notórios dos últimos anos. Os promotores sugerem uma sentença de até 16 anos e oito meses de prisão para Jack Teixeira, de 22 anos.

Enquanto trabalhava em uma base da Guarda Nacional do Ar, Teixeira divulgou documentos no Discord, plataforma popular entre os gamers. O material incluiu mapas, imagens de satélite e informações de inteligência sobre aliados dos EUA. O julgamento, conduzido em um tribunal federal de Boston na última segunda-feira, resultou na confissão de culpa do rapaz em seis acusações de retenção e transmissão intencional de informações de defesa nacional.

Pena e detenção

No âmbito de um acordo judicial, os promotores apontaram que solicitarão um período de 200 meses de prisão, com o qual Teixeira concordou em não contestar. No mínimo, ele cumprirá 11 anos de reclusão e pagará uma multa de US$ 50.000 (o equivalente a R$ 200 mil no câmbio atual). Adicionalmente, acertou debriefings com autoridades de inteligência e defesa.

No julgamento, Teixeira se pronunciou brevemente para confirmar sua concordância com o acordo proposto. “Um dos motivos de este caso ser tão sério é que, uma vez que as postagens são feitas na internet, é quase impossível rastrear o que acontece com cada documento”, declarou o promotor Joshua Levy.

Um “garoto” diante das responsabilidades

No entendimento de Michel Bachrach, advogado de Teixeira, o jovem teve um papel “significativo” na ação criminosa realizada. Bachrach alegou que seu cliente era “um garoto, na verdade” e expressou o desejo de que possa persuadir sucesso na defesa de uma pena de 11 anos na audiência de sentença programada para o dia 27 de setembro.

Teixeira começou a compartilhar informações no final de 2022 com uma pequena comunidade de entusiastas de armas e militares em um servidor Discord. Inicialmente, os documentos permaneceram dentro do grupo, mas logo foram redistribuídos para canais mais públicos. Eventualmente, os documentos chegaram a fóruns de mensagens extremistas e redes sociais maiores, sendo posteriormente adotados por canais do Telegram pró-Kremlin e blogueiros militares.

Supervisão e denúncia

O vazamento acionou uma investigação e levou o Pentágono a examinar seus sistemas de gerenciamento de informações classificadas. Em dezembro, a Força Aérea puniu 15 de seus membros em conexão com o caso. Um relatório do inspetor geral da Força Aérea afirmou que os oficiais estavam cientes das “atividades de busca de inteligência” de Teixeira e falharam em detê-lo.

O documento também afirmou que os supervisores de Teixeira não conheciam a totalidade de suas atividades online. Além disso, revelou que havia falta de supervisão durante os horários noturnos na base, quando três pessoas eram responsáveis por atender telefones e garantir o funcionamento dos sistemas de aquecimento e ar condicionado. Foi nesses turnos noturnos que Teixeira imprimiu e contrabandeou documentos confidenciais.

A família de Teixeira tem um histórico de serviço militar. Seu padrasto serviu 34 anos na Força Aérea e sua mãe trabalhou para organizações sem fins lucrativos voltadas para veteranos. Ambos compareceram à audiência de confissão de culpa na última segunda-feira.

Fonte: Redação O Antagonista