Maior distribuidor de fuzis para criminosos do RJ é preso em Moscou

26 de fevereiro de 2018 461
 

Fantástico mostrou detalhes da investigação que levou à prisão de Frederik Barbieri por agentes do Departamento de Segurança Interna dos EUA na última sexta-feira, nos Estados Unidos. O importador de fuzis, que abastecia criminosos do Brasil com as armas, foi preso através do rastreamento dos aquecedores dentro dos quais ele enviou uma carga no ano passado.

Para a polícia brasileira, Frederik enviou os 60 fuzis apreendidos no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, no dia 1º de junho do ano passado. As armas estavam dentro de aquecedores de piscina.

Um dia depois da apreensão, o governo brasileiro pediu ajuda às autoridades americanas para identificar a origem da carga, vinda do Aeroporto de Miami, na Flórida.

O mistério começou a ser desvendado pela etiqueta de identificação dos aquecedores. A partir do número de série dos equipamentos, a polícia conseguiu, com o fabricante, descobrir a loja exata de onde os aquecedores tinham saído, em Fort Pierce, cidade da Flórida onde Barbieri morava.

A loja faz parte de uma grande rede de materiais de construção nos Estados Unidos. E, para os funcionários, não foi difícil lembrar de brasileiros que haviam comprado muitos aquecedores dizendo, justamente, que iam exportar pro Brasil.

O estabelecimento forneceu às autoridades um vídeo de 31 de janeiro de 2017, onde aparecem os brasileiros João Felipe Barbieri e Marcus Garrido. Na ocasião, eles compraram seis aquecedores de água, do mesmo modelo apreendido no Galeão, com os fuzis dentro. Cada aquecedor custa algo em torno de R$ 1,3 mil.

Garrido foi identificado e localizado pelos policiais americanos. Ele contou aos oficiais que depois de comprar os aquecedores, ele os trazia para um depósito. Ele disse que dentro do depósito, mostrado pelo Fantástico, havia uma mesa pra trabalho, ferramentas e equipamentos pra corte. Garrido disse que os aquecedores ficavam aqui por um tempo, até serem levados para uma transportadora em Miami, a última parada antes do aeroporto.

Os investigadores suspeitam que funcionários de companhias aéreas ajudavam no esquema de Frederik.

Frederik Barbieri foi preso em Moscou -Foto: Divulgação
Frederik Barbieri foi preso em Moscou -Foto: Divulgação

Já Felipe é o genro de Frederik, e também está preso. Frederik será ouvido na tarde desta segunda-feira em uma corte em Miami. A defesa não quis comentar a prisão. Ele tem cidadania americana — ou seja, vai responder aos crimes como cidadão dos Estados Unidos.

O Ministério da Justiça brasileiro pediu a extradição de Frederik para que ele responda pelos crimes no país.

Delator

O Fantástico também conseguiu localizar um homem responsável por ajudar a polícia a desvendar todo o esquema montado por Frederik Barbieri, investigado desde o envio de uma carga de fuzis para Salvador em 2010.

O colaborador, que fez sua primeira viagem para os EUA em 2016 para ajudar na exportação das armas, contou como os fuzis eram colocados dentro dos aquecedores – uma balança de precisão era usada para certificar que a carga teria o mesmo peso que aquecedores normais exportados.

Raio x revelou fuzis chegando ao Galeão - Foto: Divulgação
Raio x revelou fuzis chegando ao Galeão – Foto: Divulgação

“Ele sempre me chamou de primo, né? Chamava todo mundo de primo. Aí ele falou, primo, tu tá falando com o senhor das armas. Eu sou o senhor das armas”, disse o delator, que afirmou que inicialmente acreditava trabalhar com contrabando de eletrônicos.

O delator afirmou que decidiu colaborar com as autoridades depois da entrevista que Frederik Barbieri deu para o Fantástico dizendo que criava galinhas e negando ser traficante de armas. “Eu sabia de tudo, [a entrevista] só me deixou mais com medo, mais temeroso do que podia acontecer”, afirmou.