Feldberg, que investiga fraude em documentos de reserva, envolve pelo menos seis deputados estaduais e agentes públicos, mofa nas gavetas do TJRO

12 de dezembro de 2022 273

Operação Feldberg, deflagrada pela Polícia Federal em 2019 em Rondônia, investiga um gigantesco esquema de fraudes documentais para legalizar uma área de mais de 117 mil hectares, do seringal Paraty, que chegou a ter uma parte à venda na OLX por R$ 51,9 milhões como “área de compensação de reserva legal”. 

O caso é relativamente simples. A área que atualmente integra a reserva dos Pacaas Novos teve sua documentação forjada em um cartório em um esquema que envolveu servidores da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental do Estado – Sedam, além de um grupo de deputados estaduais, passando pela eleição da Mesa Diretora, já que o bando responsável pelas fraudes teria supostamente financiado a compra de votos.

Em fevereiro de 2019, 10 meses antes da operação ser deflagrada, PAINEL POLÍTICO revelou que uma ‘permuta’ feita com a área através da Sedam poderia ser ilegal e envolvia o primeiro escalão da secretaria:

Revelamos o caso em fevereiro de 2019

Os investigados respondem pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, lavagem de dinheiro, falsificação de documento público, dentre outros.

Em novembro de 2019 foram cumpridos 11 mandados de prisão preventiva, 3 mandados de prisão temporária, 10 mandados de suspensão do exercício da função pública e 52 mandados de busca e apreensão nas cidades de Porto Velho/RO, Alta Floresta D’Oeste/RO, Vilhena/RO, Ji-Paraná/RO, Alto Alegre dos Parecis/RO, Humaitá/AM e Cuiabá/MT. Para a realização da operação, a Polícia Federal empregou cerca de 200 policiais e 50 viaturas.

O termo “ FELDBERG” se refere ao ponto mais alto da floresta negra na Alemanha, em alusão à alta cúpula investigada e a forma obscura da prática dos crimes.

O problema é que o processo tramita sob sigilo, apesar de que os envolvidos são bem conhecidos, e vários detalhes vieram à público, inclusive pelo jornal Folha de São Paulo.

O Tribunal de Justiça de Rondônia, que costuma ser célere, sequer conseguiu intimar o deputado, mesmo ele estando constantemente na Assembleia e em eventos públicos.

Alguns dos acusados supostamente estariam espalhando a notícia que ‘não vai dar em nada’, pois o caso envolve a participação de pelo menos seis deputados estaduais, além de ‘gente do primeiro escalão’.

Também corre a notícia que a Assembleia estaria preparando uma legislação específica para tentar reduzir as denúncias, transformando a área em terra pública. Recentemente o Tribunal de Justiça de Rondônia reverteu uma manobra similar, quando deputados acabaram com algumas reservas que haviam sido criadas pelo ex-governador Confúcio Moura.

Voltaremos ao assunto.

Fonte: ALAN ALEX
PAINEL POLITICO (ALAN ALEX)

Alan Alex Benvindo de Carvalho, é jornalista brasileiro, atuou profissionalmente na Rádio Clube Cidade FM, Rede Rondovisão, Rede Record, TV Allamanda e SBT. Trabalhou como assessor de imprensa na SEDUC/RO foi reporte do Diário da Amazônia e Folha de Rondônia é atual editor do site www.painelpolitico.com. É escritor e roteirista de Programas de Rádio e Televisão. .