Fazenda de Jaime Bagattoli, senador bolsonarista, está em terras indígenas revela documento

16 de junho de 2023 245

O senador rondoniense Jaime Bagattoli (PL) ocupa ilegalmente uma parte das terras indígenas Omerê, em Corumbiara (região sul de Rondônia). A informação é do jornalista Carlos Madeiro, que assina reportagem do UOL.

A fonte dessa informação é um dossiê divulgado pelo Observatório De Olho nos Ruralistas. Destaca-se que Bagattoli é sócio, juntamente com seu irmão, na empresa Transportadora Giomila, cuja propriedade, a fazenda São José, encontra-se sobreposta à área indígena. 

Jaime Bagattoli enfrenta hoje denúncia de abuso de poder econômico na Justiça Eleitoral, por indícios de adulteração de valores para burlar o limite de gastos de campanha. Entre as contas reprovadas, o senador afirma ter gasto apenas R$ 300 com o aluguel de seis carros por 43 dias. Caso ele seja condenado, a ação pode levar à perda do mandato.

Os primeiros meses de sua atividade legislativa no Senado evidenciam suas prioridades na vida pública. Entre os compromissos de campanha, Bagatolli prometeu regularizar todos os garimpos de Rondônia, inclusive aqueles localizados dentro de territórios indígenas.  Em abril, ele subiu à tribuna para cobrar do governo a entrega de títulos de terras no estado, atribuindo a essa demora — e aos camponeses — a culpa pelo desmatamento.

A família Bagattoli é ligada ao ramo ma- deireiro desde que migrou para Rondônia. O início da atividade na Amazônia foi com a venda de madeira nativa do bioma em José Boiteux (SC), onde alguns parentes ainda atuam no ramo. O clã acumula denúncias de crimes ambientais.

A Indústria Madeireira Selva Norte Ltda. foi multada em 2004 por armazenar madeira ilegal. Ela está registrada em nome de outros dois irmãos do senador, Gilmar e Valdemar Bagatolli. No mesmo ano, Jaime foi multado pelo Ibama por quatro infrações contra a flora, totalizando R$ 34 mil em multas. Em 2003, Orlando Bagatolli, irmão, sócio e principal financiador de campanha do senador, teve uma área de 100 hectares embargada na Gleba Corumbiara, região das propriedades sobrepostas à TI Rio Omerê, por desmatamento com uso de fogo.

Essas revelações são parte do levantamento “Os Invasores – Parte 2”, que analisou parlamentares e seus financiadores donos de propriedades que invadem terras indígenas. 

Segundo a reportagem, a TI Rio Omerê tem 26 mil hectares, está homologada desde abril de 2006 e abriga os sobreviventes dos povos akuntsu e kanoê, etnias quase dizimadas por invasores de terras na década de 70.

Conforme o dossiê citado na reportagem do UOL, a invasão do território ocorreu em novembro de 2007, um ano após a homologação da TI e antes da empresa dona da fazenda, à época, a São José Jacuri Agropecuária, então titular da área, protocolar um registro do imóvel que invadiu 2.591 hectares da terra indígena, ou o equivalente a 3.628 campos de futebol. A área aparece até hoje nos registros do INCRA. 

suspeita é que a grilagem tenha ocorrido antes de o senador adquirir a fazenda, em 2011, por meio de penhora de uma dívida. 

Jaime Bagattoli, eleito em 2022, tem limitado seu trabalho no senado a defender interesses dos ruralistas.

A reportagem do UOL cita que no dia 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, ele apresentou dois projetos de interesse dos grandes proprietários de terra: o primeiro tenta mudar a legislação para que fazendeiros possam pedir a remoção de invasores diretamente à polícia, sem sem recorrer à justiça; o segundo altera o Código Penal para incluir invasões de propriedades na tipificação de crimes contra o patrimônio.

O atual senador foi preso em 2020, ao lado de Orlando Bagattoli, por dano ao patrimônio público. Ambos foram flagrados quebrando um meio-fio com marretas: argumentavam que a construção atrapalhava o fluxo de veículos em uma das filiais do Posto Catarinense, do Grupo Bagattoli. Na ocasião, Orlando empurrou e agrediu verbalmente um técnico do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transpor- tes (DNIT), órgão responsável pela instalação do meio-fio. Os empresários pagaram fiança e respondem em liberdade

Veja abaixo a íntegra do dossiê:

Fonte: ALAN ALEX
PAINEL POLITICO (ALAN ALEX)

Alan Alex Benvindo de Carvalho, é jornalista brasileiro, atuou profissionalmente na Rádio Clube Cidade FM, Rede Rondovisão, Rede Record, TV Allamanda e SBT. Trabalhou como assessor de imprensa na SEDUC/RO foi reporte do Diário da Amazônia e Folha de Rondônia é atual editor do site www.painelpolitico.com. É escritor e roteirista de Programas de Rádio e Televisão. .