Editorial — Faixa-preta em gastar dinheiro público: órgão federal de checagem de notícias diz que governador de Rondônia gastou mais R$ 100 mil em diárias

3 de maio de 2020 399

Porto Velho, RO — O governador Coronel Marcos Rocha, sem partido, além de parte do seu estafe administrativo, travam, insistentemente, uma luta desnecessária contra a imprensa independente.

Suas vãs ofensivas tentam a todo custo revestir de pretensa verdade as mentiras propaladas oficialmente, e isto desde à época em que lançou-se como candidato à gestão-maior do Estado.

Só com este veículo de comunicação específico, o Rondônia Dinâmica, Rocha tentou, sem sucesso, é claro, tachar as veiculações com a chancela do anglicismo "fake news", termo entoado pela turba  a torto e a direito, banalizando o debate acerca da questão voltada às notícias falsas --, importantíssima, por sinal.

Traçando ligeiro histórico, é possível relembrar, por exemplo, a cópia escrachada do Plano de Governo de Aécio Neves lá em 2018; e no mesmo ano, também o desnude da conversa fiada a respeito dos propineiros que teriam tentado corrompê-lo, cantilena que rendeu a risível frase "eu estava com o pé operado, às vezes acontece", levantada quando questionado sobre o porquê de não ter prendido em flagrante os supostos criminosos.

Já em 2020, só pra encurtar a linha do tempo, há três casos sintomáticos que escancaram a veia mitômana da Administração Pública estadual comandada pelo militar e seus subordinados.

O primeiro, foi quando o secretário de Educação (Seduc/RO) Suamy Vivecananda Lacerda Abreu tentou censurar clássicos da literatura brasileira; descoberto, mentiu à redação deste eletrônico, e, adiante, fora obrigado a inventar uma versão igualmente esfarrapada a fim de sair pela tangente: no governo Marcos Rocha, a culpa é sempre dos outros.

O episódio rendeu a Vivecananda o apelido de secretário Pinóquio.

Outra situação envolve a gastança promovida por Marcos Rocha em nome dele próprio no quesito farra de diárias. Exposto por outro site independente, o governador chegou a fazer uma "live" chamando o conteúdo de "fake news", reforçando o modus operandi do Rio Madeira quando algum de seus componentes é pego com as calças curtas.

Rocha não contava que um órgão federal seria responsável por checar esses dados, e, além de reforçar a situação levantada, ainda acrescentou.

Considerando janeiro deste ano, o gestor "torrou" mais de R$ 100 mil em diárias.

A checagem foi realizada pelo grupo Aruana, que, de acordo com a página no site institucional da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), é:

"[...] Iniciativa Aruana de Checagem de Fatos está ligada à Baladeira, Agência Experimental de Comunicação, que por sua vez é vinculada ao curso de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia, no seu campus de Porto Velho".

A equipe tem como expoentes os profissionais Luciano Sampaio, mestre, e Sandro Colferai, doutor, ambos professores na instituição.

Por último, mas não menos importante, está a questão da tentativa de do Estado em isentar a Energisa SA em mais de R$ 1,3 bilhão nas dívidas que tem com Rondônia.

Para desmentir a informação levantada por Alex Redano, deputado do Republicanos, presidente da CPI da Energisa e próximo mandatário da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE/RO), entrou em campo o secretário Elias Rezende de Oliveira, titular da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam/RO).

Qual a alegação dele? Adivinhe só, leitor (a): "fake news".

É...

Governador Marcos Rocha é faixa-preta em gastar dinheiro público / Ilustrativa

 

Sem responsabilidade com o dinheiro público custeado pelo contribuinte, Marcos Rocha e seus mandados demonstram que não são dignos de confiança, especialmente agora, momento em que Rondônia passa pela pandemia de Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2).  

E há de se levar em conta que, ainda que não estivéssemos passando pela turbulência sanitária carregada por esta catástrofe mundial, um homem público que se sujeita a gastar mais de R$ 100 mil em diárias com ele próprio, sem justificativa plausível, está completamente fora da realidade econômico-financeira do Estado em que dirige as rédeas.

Um exemplo dessas incursões desnecessárias, só para se ter ideia, foi quando Rocha se deslocou a São Paulo para participar do Fórum Permanentes de Artes Marciais e ser homenageado pela Câmara da Capital paulistana. Para isso, recebeu R$ 6.240,00 em diárias; R$ 800,00 para cada 24h fora de Rondônia.  Essa brincadeira durou mais de uma semana, porquanto o itinerário alcançou também Brasília e Amapá numa tacada só. 

Nesses 14 meses contabilizados pelo órgão federal de checagem de notícias, o governador recebeu pelo menos R$ 7.169,00 a cada 30 dias.

Nos valores atuais, ou seja, levando em conta a monta de R$ 1.045,00, ele recebeu quase sete salários mínimos por mês em diárias. Como adora dizer que é faixa-preta de karatê mesmo sem ser perguntado, é possível sacramentar que seu grau maior mesmo é na arte de gastar dinheiro público: a faixa da vergonha pode ser verificada no Portal Transparência.