Diárias, descontrole e sombra na areia: Matilde descobre o turismo legislativo de Cujubim

Matilde não tem descanso. Quando não está de olho na fila do posto de saúde ou na falta de iluminação da rua dela, tá fuçando o Portal da Transparência. E foi assim que ela tropeçou naquilo que agora chama de “turismo institucional com verba pública e pé na jaca”.

Foi só puxar os relatórios de 2025 da Câmara Municipal de Cujubim e os olhos de Matilde saltaram mais que pipoca em panela quente. Vereador com diária maior que a do prefeito, assessores indo à praia e um total de gastos que faria até operador de agência de turismo corar.

Entre os destaques da lista, lá está ele: Haroldo Rodrigues Figueredo, atual presidente da Câmara, que já faturou só em 2025 R$ 17.432,80 com diárias.
— Desse jeito, vai precisar declarar as milhas na Receita Federal — murmurou Matilde, com um meio sorriso e a sobrancelha arqueada.

Mas ele não está só. Outros parlamentares como Jonas Cordeiro de Souza, Ana Paula Cristo Rodrigues e Alecio Soares Fernandes também aparecem na dança das diárias. E não é uma quadrilha de festa junina, não. É outra, mais cara, mais seletiva — e paga com dinheiro do contribuinte.

Matilde pegou os papéis, fez conta e concluiu:
— Se for comparar com a diária oficial do prefeito para viagens interestaduais, tem vereador embolsando mais pra tomar água de coco na beira da praia do que o chefe do Executivo indo resolver coisa séria.

E como se não bastasse, dizem que teve assessor levado à praia, em comitiva paga com recursos públicos. Tudo registrado com o ar de que estavam em missão oficial.
— O Brasil é grande, né? Mas o bom senso parece que não embarcou.

A velha futriqueira avisou: isso não é fofoca, é denúncia. Feita por um cidadão que teve mais coragem que muito parlamentar. E ela só fez o que sabe fazer: puxou a ponta e saiu desfiando o novelo.

Pra Matilde, os vereadores deveriam estar ocupados com projetos, fiscalização e solução de problemas — não com agenda de turismo bancada pela população.

E concluiu com uma frase que ecoou entre as bancas da feira:

— Se a diária é maior que a vergonha, então o problema é bem maior do que parece.