Bolsonaro vira às costas para Marcos Rogério, que segue mendigando apoio

Marcos Rogério foi, sem nenhuma dúvida, o personagem principal da CPI da Pandemia. Suas interrupções e devaneios para proteger Jair Bolsonaro e a camarilha que o cerca, foram seus momentos de glória em rede nacional. Até mesmo quando foi descoberto que um PM de Minas Gerais estava envolvido na compra de vacinas, com propina de U$ 1 dólar por dose, o senador de Rondônia construiu uma narrativa para livrar a pele do atual inquilino do Planalto.

Marcos Rogério achou que seu empenho e fidelidade, seriam suficientes para obter apoio de Jair em sua caminhada rumo ao governo de Rondônia. Não foi.

Jair Bolsonaro só pensa nele, em seus filhos e a quem serve no momento. Ele tem enaltecido Tarcísio de Freitas, por exemplo, em qualquer lugar que vai, até mesmo na entrevista ao Jornal Nacional, elogiou seu ex-ministro. E faz isso porque Tarcísio é candidato ao governo no maior colégio eleitoral do país. Mas se em São Paulo Bolsonaro declara seu apoio a Tarcísio, em Rondônia ele prefere dividir seu coração com Marcos Rocha e Marcos Rogério. E foi o próprio senador quem provocou essa situação. Rogério havia ingressado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com uma ação para impedir que Rocha usasse a imagem do presidente em peças publicitárias, alegando que o União Brasil (de Rocha) tem candidatura própria ao Planalto. A justiça acatou o pedido.

Antes mesmo de Marcos Rogério poder comemorar sua vitória, Rocha divulga um vídeo onde Bolsonaro não apenas desautoriza Marcos Rogério, como afirma que qualquer um pode usar sua imagem, e nesse ‘qualquer um’ podemos incluir Ivo Cassol que sempre que pode, tira uma casquinha da imagem presidencial.

Mesmo com a patada de Bolsonaro, Marcos Rogério ainda acha que é boa idéia seguir fiel ao inquilino do Planalto. Este talvez fosse o momento de afirmação de uma identidade própria, que falta tanto a Marcos Rogério quanto a Rocha. Mas no caso do governador, ele nem tem feito muito esforço, e o vídeo de Bolsonaro comprova isso.

A bem da verdade, os ‘bolsonaristas raiz’ se dividem entre Rogério e Rocha, e tanto faz um ou outro para o Jair. Esses eleitores também não se multiplicam, ao contrário, tem reduzido significativamente. Se Bolsonaro acha que, ao não apoiar abertamente uma candidatura vai faturar dos dois lados, ele está muito errado. Seu eleitorado é um só, já o de Rogério e Rocha se divide. Se Jair fosse leal ou grato, abraçaria a candidatura de Marcos Rogério e o defenderia como foi defendido na CPI.

Mas gratidão e lealdade são apenas palavras para o Jair. Talvez seja por isso que sua camarilha esteja tão reduzida ultimamente.