Alinhado com a realidade, Confúcio Moura é o congressista mais influente de Rondônia na bancada e emplaca ponte bi-nacional

20 de julho de 2023 210

Sobre Confúcio Moura:

Confúcio Aires Moura nasceu em Dianópolis (TO) em 16 de maio de 1948. Viveu parte da infância em Goiânia (GO) e em Brasília (DF). Em 1975, formou-se em Medicina e também passou a dar aulas em cursinhos de pré-vestibular. Mudou-se para Rondônia, onde foi atuar como médico na antiga Vila de Ariquemes, que, a partir de 1977, se tornaria um município. Confúcio conquistou seu primeiro mandato em 1994, quando do eleito deputado federal. Em 2004, foi prefeito de Ariquemes. Em 2010, tornou-se governador de Rondônia. Foi reeleito em 2014. Em 2018, elegeu-se senador.

Confúcio Moura está longe de ser uma unanimidade, ainda mais em Rondônia, estado que governou por dois mandatos consecutivos e pelo qual foi eleito senador em 2018, em uma vitória apertada contra o então desconhecido Jaime Bagattoli, eleito para o cargo em 2022.

Quando governou Rondônia, Confúcio criou 11 reservas ambientais, em um estado onde grande parte da população vive à margem da compreensão da importância que requer os cuidados com o meio ambiente. Isso lhe rendeu uma enorme rejeição principalmente no governo de Jair Bolsonaro, que incentivou o garimpo, queimadas e desmatamento.

Evidente que isso gerou uma série de desconfortos, problemas e até perda de amizades. Estive com o senador no início do mês em seu gabinete, onde falamos sobre diversos assuntos. Nos próximos parágrafos, um resumo do bate papo que durou pouco mais de 1 hora.

Confúcio pode até não ser unanimidade, mas é o último representante da chamada ‘velha guarda da política’. De todas as antigas lideranças, apenas ele ocupa um cargo eletivo atualmente. No mesmo dia, encontrei com o ex-senador Valdir Raupp, antecessor de Moura na Casa. Ele estava acompanhando a tramitação de um projeto de sua autoria que prevê a ozonioterapia através do SUS. Raupp, aliás, está sempre pela Casa de olho em seus projetos e emendas.

Voltando a Confúcio, o senador é vice-presidente nacional do MDB, e estava incrédulo sobre a votação da Reforma Tributária, que havia sido votada dias antes na Câmara e que teve dois deputados de Rondônia, do MDB que votaram contra, Lúcio Mosquini Thiago Flores, “ambos são do meu partido e votaram contra a reforma, isso é de uma incoerência sem tamanho”, disse Moura, mas sem tom de crítica, apenas de espanto. Da bancada rondoniense, apenas Lebrão Maurício Carvalho votaram à favor, os demais, ChrisóstomoCristiane LopesFernando Máximo e Silvia Cristina foram contrários, mesmo sem ter conhecimento profundo do tema, foram pela ‘onda bolsonarista’ (palavras minhas).

A reforma tributária é importante para o Brasil porque pode simplificar a arrecadação e aumentar a transparência desse processo. Especialistas apontam que a complexidade do sistema de cobrança de impostos no País provoca incerteza jurídica e privilegia mais ricos; simplificação trará ganho de transparência e reduzirá desigualdades. Além disso, a reforma tributária pode melhorar a produtividade da economia e reduzir o custo Brasil, de acordo com quem entende do assunto, o que não é o caso de grande parte da classe política de Rondônia.

Falando sobre bolsonarismo, Confúcio afirmou que a radicalização da política no Brasil lhe criou algumas situações desconfortáveis. Ele disse, por exemplo, que sempre que está viajando pelo estado, costumava parar em alguns pontos da estrada, como a Fazendinha, lanchonete próxima a Ariquemes, mas que deixou esse hábito, “parava ali, conversava com as pessoas que estavam no local, o que era bom, porque podia ouvir suas sugestões, queixas e críticas. Hoje em dia não consigo mais fazer isso. As pessoas estão mais intolerantes, o que termina colocando a gente em uma situação desagradável”, relembra o senador.

Confúcio também explanou sobre a dificuldade que tem em explicar determinadas questões mais delicadas,”eu sou sempre cobrado por ter implantado 11 reservas ambientais no fim do meu mandato como governador. Esse é um tema espinhoso, porque existe um pacto pela preservação do meio ambiente, pela manutenção da floresta em pé, pelo aproveitamento das pastagens degradadas. Existem cerca de 20 milhões de hectares de pastagens degradadas, socadas pelo casco do boi e que não estão produzindo no Brasil inteiro. A gente pode triplicar a produção de grãos, aproveitando essas áreas de pastagens degradadas”, explicou Confúcio usando a lógica.

Ocorre que o oportunismo é a ferramenta de grande parte da classe política local. Por conta da insatisfação que a medida gerou, principalmente pelo fato de algumas dessas reservas estarem ocupadas por posseiros que contavam com a regularização, o assunto virou rastilho de pólvora no Estado. A Assembleia Legislativa chegou a abrir uma CPI para averiguar a legalidade, que foi posteriormente confirmada pelo Tribunal de Justiça. Mesmo assim, o Estado segue inerte na retirada dos invasores em algumas regiões. 

Mas o senador não guarda mágoas. Para Confúcio, os benefícios serão sentidos a longo prazo, já que atualmente o governo federal mantém a linha de preservação total, o que vem resultando em recursos do exterior. O Fundo da Amazônia, por exemplo, financiou a compra de um avião (R$ 12 milhões) usado em Rondônia para levar brigadas de emergência aos focos de incêndio e mapear as queimadas.

O Grand Caravan Ex, modelo Cessna 208, custou R$ 12 milhões e foi entregue em dezembro de 2018 à 2° Base Aérea Integrada de Combate a Incêndios Florestais da Amazônia Legal em Porto Velho. Além dela, também foram adquiridos caminhões, caminhonetes, equipamentos de proteção individual e de combate a incêndios florestais, em um investimento total de R$ 15,4 milhões aprovado em 2012 para oito estados brasileiros pelo fundo – que desembolsou R$ 1,1 bilhão em projetos na região desde 2008, quando foi criado.

O fundo estava parado, mas em janeiro deste ano, a assinatura do decreto que retoma o fundo ocorreu no Palácio do Planalto horas depois de Lula ser empossado como 39º presidente do Brasil, em um primeiro conjunto de atos do novo governo. O decreto “viabiliza a utilização de R$ 3,3 bilhões em doações internacionais para combater o crime ambiental na Amazônia”.

Confúcio preside uma das mais importantes comissões do Senado, a de Serviços de infraestrutura, que deve analisar as obras do PAC, a ser lançado oficialmente neste segundo semestre. E entre as obras está a ponte bi-nacional, que deve ligar o Brasil à Bolívia em Guajará-Mirim. O edital foi publicado na última terça-feira, 18, e de acordo com Diário Oficial da União, o aviso de licitação prevê a contratação de uma empresa para execução das obras da Ponte Internacional sobre o rio Mamoré, na rodovia BR-425. O edital para contratação da empresa ainda não está disponível e será liberado no dia 22 de setembro, pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). 

As atenções do Planalto se voltaram à Confúcio, que sem dúvida é atualmente o mais influente representante de Rondônia no Congresso devido a sua coerência. Na gestão bolsonarista o expoente foi Marcos Rogério, que se destacou tumultuando as sessões da CPI da pandemia, que expôs toda uma rede de propinas, ineficácia ao combate à pandemia e o negacionismo, e lhe rendeu uma derrota na disputa ao governo do Estado. Na avaliação de Confúcio, Bolsonaro não foi fiel a Rogério. De acordo com o senador, ‘bastaria Bolsonaro gravar um vídeo apoiando Marcos Rogério, que ele teria vencido a eleição em Rondônia’. E ele não está errado. O ex-presidente, acreditando que perderia votos no Estado que lhe rendeu a maior votação proporcionalmente, não soube fazer a leitura do momento. Ignorou os pedidos de Rogério e do atual governador, Marcos Rocha, outro bolsonarista convicto, deixando que ambos se digladiassem, tentado mostrar quem era ‘mais bolsonarista’.

A respeito das eleições municipais de 2024, Moura afirma que ‘muita coisa pode acontecer’. Em sua avaliação, a capital teria muito a ganhar com uma candidatura do ex-deputado federal Léo Moraes, “Léo é um político muito competente, conhece os problemas da cidade e certamente teria muito a contribuir’, afirmou. Atualmente o ex-parlamentar é diretor-geral do Detran de Rondônia. 

Sobre seu futuro na vida pública, Confúcio afirma ‘depender do governo Lula’, para o senador, ‘se Lula for bem, ele estará bem’.

Fonte: ALAN ALEX
PAINEL POLITICO (ALAN ALEX)

Alan Alex Benvindo de Carvalho, é jornalista brasileiro, atuou profissionalmente na Rádio Clube Cidade FM, Rede Rondovisão, Rede Record, TV Allamanda e SBT. Trabalhou como assessor de imprensa na SEDUC/RO foi reporte do Diário da Amazônia e Folha de Rondônia é atual editor do site www.painelpolitico.com. É escritor e roteirista de Programas de Rádio e Televisão. .