Água Santa promete bicho 'gigante' em caso de título contra o Palmeiras na final do Paulistão

30 de março de 2023 152

Sensação do Campeonato Paulista, e prestes a disputar a sua primeira final da competição, muito se especulou e discutiu para tentar explicar como o Água Santa, este pequeno time de Diadema, alcançou tal feito.

Além do mérito esportivo, pelas grandes atuações e bom desempenho no torneio, há também uma razão financeira: o bicho.

Para quem é alheio ao vocabulário futebolístico, “bicho” é uma expressão que simboliza um incentivo financeiro prometido aos atletas em caso de vitórias.

O diretor-executivo de futebol do clube, Júlio Rondinelli, confirma a prática no clube, e explica que o “estímulo” aumentou após ele e o treinador, Tiago Carpini, convencerem a direção de que esta seria uma forma de motivar ainda mais os atletas.

“Esse ano, em um convencimento não só meu como do Tiago Carpini, a gente mostrou para eles[a direção do clube] que era um estímulo a mais a premiação jogo a jogo direta, não tinha valor acumulado. Então isso motiva demais o atleta a buscar sempre a Vitória”, declarou.

Pelas regras estabelecidas entre diretoria e atletas, vitórias como mandante e visitante, e empates longe do Distrital de Inamar garantem a remuneração extra aos atletas.

“Como a premiação é bastante significativa, fez com que o elenco sempre buscasse a vitória desde a primeira rodada, sem alteração de valor ou de condição”, conclui Júlio.

Segundo apurado pela reportagem, na fase de grupos, o Água Santa pagou cerca de R$ 120 mil por cada vitória na fase de grupos. Como o clube venceu sete jogos e empatou um fora de casa, a premiação ficou acima dos R$ 900 mil.

A classificação contra São Paulo, nas quartas de final, e Red Bull Bragantino, na semifinal, tiveram bichos consideravelmente maiores do que os 120 mil reais.

A reportagem, Júlio confidenciou que caso o clube alcance o inédito título, a premiação é “gigante”.

Folha salarial alta para um clube sem divisão

Em comparação com o Palmeiras, rival na final, que será jogada nos dias 2 e 9 de abril, os Aquáticos têm uma folha salarial cerca de 22 vezes menor.

O alviverde gasta mensalmente R$ 18 milhões em salários, já o Água paga cerca de R$ 850 mil ao seu elenco.

No entanto, ao vermos a realidade do futebol brasileiro, o Água Santa é uma exceção para um clube em sua situação, que em 2023, não tem divisão e disputa apenas o campeonato estadual

Se disputasse a Série B de 2022, por exemplo, o clube da região do ABCD teria o sétimo maior gasto salarial da competição, à frente de times tradicionais, como Guarani, CRB, Náutico e Brusque.

Finanças no azul ajudam o clube

Diretor executivo de futebol do Água Santa deu entrevista exclusiva ao R7

Diretor executivo de futebol do Água Santa deu entrevista exclusiva ao R7

ACERVO PESSOAL

Apesar do gasto milionário com as premiações, além dos salários, o bom desempenho no Paulistão, além da venda de jogadores, ajudaram o clube a fechar o primeiro trimestre do ano com superavit.

Por chegar na final do estadual, o clube já garantiu R$ 1,65 milhão da premiação estabelecida pela FPF (Federação Paulista de Futebol). A venda de dois atletas, Thiaguinho e Renato Júnior, ambos das categorias de base, geraram mais 500 mil dólares (R$ 2,57 milhões, na conversão de valores).

Vivenciando “o melhor momento” em sua trajetória no futebol, como o próprio diz, Júlio, que admite sondagens de grandes clubes do país, e dificilmente segue no Água, explica que o sucesso do clube passou por uma boa gestão, que envolve não cometer loucuras.

"Existe continuidade, o clube passou a entender que uma boa gestão era importante para atingir esses objetivos em três anos. A gente teve somente dois treinadores [desde 2020] que foram Tiago Carpini e Sérgio Guedes, então a gente busca ter um equilíbrio nas decisões, não tomar nenhuma decisão intempestiva que prejudica o clube e faça com que onere o clube em decisões desequilibradas”.

Fonte: Gabriel Herbelha, do R7