A PROPOSIÇÃO INDECOROSA DO PRESIDENTE PARA REDUZIR O PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS
O Presidente Jair Bolsonaro volta à carga no sentido de “sacanear”os estados ,que já vivem “à míngua”,ao lado dos municípios,na arrecadação do ICMS,que junto com o IPVA ,se constitui em uma das principais fontes de arrecadação tributária dos estados.
Existe um ditado que vem lá do latim que bem pode resumir essa inoportuna iniciativa presidencial:”PIMENTORIUM IN ANUS OUTREM REFRESCUS EST”.
Mediante essa estratégia provavelmente escaparei da censura editorial pelo uso de eventual “nome feio”,bem como a tradução do latim para o português será praticamente dispensável.
Esse “papo” que anda por aí na boca dos políticos de “reforma do pacto federativo”se trata de mais piada,desprovida de autenticidade, sem nenhuma seriedade na sua condução.
Enquanto cerca de 1/3 (um terço) da riqueza nacional é transferida do setor privado para o público,através dos tributos diversos,representando a estupenda quantia de 2,4 trilhões de reais em 2019, equivalente a 33,17 % do Produto Interno Bruto-PIB,desse total,22,24 % do PIB é embolsado pela União,8,67% do PIB pelos estados,e 2,27 % do PIB pelos municípios.
Enquanto a receita tributária da união tem as suas principais fontes no Imposto de Renda (pessoas físicas e jurídicas),e no IPI,os estados são basicamente sustentados pelo ICMS e pelo IPVA,e os municípios pelo IPTU e ISS.
Apesar da união concentrar a maior fatia do bolo tributário total,o senhor Presidente da República movimenta as suas forças para “descarregar” exclusivamente sobre os cofres dos estados o pagamento da “conta” pela redução do ICMS sobre o preço dos combustíveis,alegando satisfação dos interesses dos caminhoneiros,estados estes que,como os municípios,podem ser considerados os “primos pobres” da federação de fantasia instalada no Brasil ,que mais se aproxima de um “estado unitário”.
Mesmo que não se corrigisse essa injusta distribuição de tributos vigente entre os entes federativos do país (união,estados e municípios),a única saída correta para “aliviar” o preço dos combustíveis ,”descarregando” essa conta na redução do ICMS, de competência exclusiva dos estados,seria dividir esse “prejuízo” entre TODOS,entre a união,os estados e os municípios,fazendo-se uma “compensação”, um “ajuste” nos tributos,de modo a manter-se o mesmo percentual participativo vigente de cada ente federativo..
Moral da História:”ser “bonzinho” às custas dos outros sempre é uma posição bastante confortável”.
Sérgio Alves de Oliveira
Advogado e Sociólogo
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Sérgio Alves de Oliveira