A busca do diálogo + Menos avestruzes + Abraço dos afogados + Jogando pedras
A busca do diálogo
Vivendo na periferia violenta de uma cidade paradisíaca e atormentada por criminosos, a diligente camareira Pilar também foi levada ao crime para pagar sequestradores. Esse é o eixo do filme “Fortaleza Hotel”, de Armando Praça. Depois de trair seus princípios, Pilar quer ir embora do Brasil porque, diz, o país não lhe faz mais sentido, embora goste da música e da cultura.
É compreensível que situações opressivas induzam as pessoas a abandonar a terra natal em busca de uma vida melhor. No entanto, abandonar uma região paradisíaca e repleta de potencial faz ainda menos sentido neste mundo conturbado e em crise. A rota para longe do lar leva à discriminação em terra estrangeira, logo quando o fascismo cresce no mundo explorando o medo dos locais de perder empregos para os refugiados que chegam.
Quando os nordestinos fugiram da seca atraídos pela perspectiva da borracha saíram para um território inexplorado de seu próprio país. Hoje são reverenciados como pioneiros, mas na Europa e EUA não há estátuas em homenagem a camareiras brasileiras. Melhor que desacreditar no país é confiar em que o Brasil fará sentido quando houver união para virar a chave da pobreza para a exploração sustentável das riquezas nacionais.
A polarização ainda dificulta a união, mas jamais será vencida se todos desistirem do diálogo e de buscar um melhor sentido para viver e trabalhar aqui. A ação de buscar já é um sentido.
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Menos avestruzes
Com uma baita renovação e com melhores quadros espera-se que a próxima legislatura da Assembleia Legislativa não seja formada por tantos deputados avestruzes mais interessados em transformar a política em balcão de negócios do que fiscalizar os atos do executivo. Pelo comportamento omisso muitos não se reelegeram, como já era previsto e está nas mãos do Poder Legislativo renovado transformar a imagem da casa de leis tão desgastada nas últimas legislaturas com muitos parlamentares cassados pela malversação de recursos e recebimento de propinas. E urge uma Comissão de Ética integra. A última era formada por verdadeiras raposas.
Troca de padrinho
Quem se deu mal na troca de padrinho político foi o deputado federal Leo Mores (Podemos) que deixou de lado os laços com o ex-governador Ivo Cassol para abraçar o ex-senador Expedito Junior (PSD) na sua campanha ao governo do estado. Uma dobradinha que afundou de vez Leo Moraes, facilitando a vida da concorrência. Não era tão difícil entender que Expedito era uma fria, até para os políticos de inteligência mediana: o novo aliado já tinha levado um pé de Hildon Chaves e sido escondido da sua campanha à reeleição. Igualmente Expedito levou um pé de Marcos Rogério que percebeu a tempo que ele era uma âncora pesada em Porto Velho na sua campanha.
Abraço dos afogados
Resgato o ultimo release da campanha do governador Marcos Rocha (União Brasil) no primeiro turno cujo texto dizia claramente que ele venceria o pleito em turno único. Uma falácia propagada por ele e pelo prefeito Hildon Chaves e que parte da mídia chegou a acreditar, mas a atitude dos governistas tinha como fundamento pesquisas encomendadas de caráter duvidoso e por isto daqui para frente vão ser mais cautelosos porque a situação se complicou. A diferença de pouco mais de um por cento de percentual na vitória do primeiro turno será tirada por Marcos Rogério rapidamente. Rocha e Hildon caminham rapidamente para aquilo que chamamos do abraço dos afogados. Vem peia por aí.
Jogando pedras
Todo mundo atirando pedras na Geni, digo nos institutos de pesquisas. Olha, alguma coisa se justifica com o voto útil, eventualmente com um efeito manada. Mas não tem explicação, a não ser pesquisa comprada a peso de ouro, o resultado de uma empresa que atribuía 43 por cento de intenções de votos para Mariana Carvalho (Progressistas) contra 7 por cento de Jayme Bagatoli (PL-Vilhena). Um outro instituto acenava com o governador Marcos Rocha com larga diferença quanto ao segundo colocado Marcos Rogério. Em casos assim, só missas encomendadas tão comuns em pleitos rondonienses. Infelizmente o modus operandi dos governantes não muda através dos tempos.
Maior estrutura
As maiores estruturas de campanha a Assembleia Legislativa do estado eram de Ieda Chaves (União Brasil –Porto Velho), esposa do milionário prefeito Hildon Chaves e do presidente da Assembleia Legislativa Alex Redano (Progressistas-Ariquemes). No entanto, ao final do escrutínio dos votos, emergiu das urnas como o mais votado da temporada, o deputado Estadual Laerte Gomes (PSD-Ji-Paraná), fora de cotação nas mídias sociais para ganhar o pódio. Habilidoso, Laerte é um sobrevivente do PSD, numa eleição que afundou o ex-senador Expedito Junior e seu filho, este considerado uma líderança promissora, Expedito Neto. Laerte vai virar o novo cacique do PSD.
Via Direta
*** Muita gente ainda chorando as magoas pelos resultados das eleições de 2 de outubro, principalmente os deputados estaduais que não se reelegeram. Alguns foram pedras cantadas nesta coluna, casos de Jonhy Paixão (Ji-Paraná) e Eyder Brasil (Porto Velho) que naufragaram *** Também estava na cara que alguns suplentes que assumiram não teriam condições de se manter no poleiro, como Ribamar Araújo. Mas o fracasso nas urnas de Folador (PL-Ariquemes) foi realmente uma surpresa, assim como a do competente parlamentar Lazinho da Fetagro (PSB-Jaru) *** Com Ariquemes tão dividida e com tantos candidatos a deputado federal poderosos na região do Vale do Jamari a eleição de Thiago Flores (MDB) foi uma conquista heroica *** Lamentável foi o divisionismo do Cone Sul rachado em confronto de três clãs políticos na peleja a Câmara dos Deputados. A região se danou.
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POLITICA & POLÍTICOS (CARLOS SPERANÇA)
Colunista político do Jornal "DIÁRIO DA AMAZÔNIA", Ex-presidente do SINJOR, Carlos Sperança Neto é colaborador do Quenoticias.com.br. E-mail: csperanca@enter-net.com.br