Vigilância

O artigo de Reinaldo Azevedo "Não vai ter golpe, vai ter luta" (Folha, 5/4) termina com o chavão: "O preço da liberdade é a eterna vigilância". Sim, mas é lícito perguntar, contra o que? Quem ameaça constantemente nossa liberdade cívica é o exercito nacional ou a corrupção política? Não conheço nenhum país, governado por políticos honestos e competentes, que tenha sido vítima de uma ditadura militar! O exército, institucionalizado para defender a pátria, só intervém quando líderes, em nome de ideologias espúrias, ameaçam tomar o poder para se enriquecerem às custas do erário público. Os verdadeiros inimigos do povo são os políticos que visam interesses pessoais e de grupos, em lugar do bem geral da Nação. Acho muito estranho o articulista culpar a Lava Jato por punir severamente os corruptos que, segundo ele, deveriam ser protegidos em atenção à famigerada cláusula "pétrea" da presunção de inocência, que permite a impunidade dos poderosos pela procrastinação dos julgamentos. Deixando a hipocrisia de lado, já passou a hora de tomarmos consciência de que o único meio de moralizar nossa sociedade é uma profunda reforma política.
Salvatore D' Onofrio
Dr. pela USP e Professor Titular pela UNESP
Autor do Dicionário de Cultura Básica (Publit)
Literatura Ocidental e Forma e Sentido do Texto Literário (Ática)
Pensar é preciso e Pesquisando (Editorama)
www.salvatoredonofrio.com.br
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