Veganismo: conheça a história de pessoas que optaram por esse estilo de vida em defesa da causa animal

Nesta sexta-feira (1) é comemorado o Dia Mundial do Veganismo. E para saber mais sobre este estilo de vida, o AQUINOTICIAS.COM conversou com pessoas adeptas que contaram um pouco sobre a transição alimentar e a diferença entre ser vegano e vegetariano. Uma nutricionista também falou sobre o assunto.
A cachoeirense Karina Pires, 28 anos, que atualmente mora em Vila Velha e trabalha como vendedora, está fazendo a transição há pouco mais de um ano. Ela conta que optou pela ideologia que procura excluir, na medida do possível e praticável, todas as formas de exploração animal, que consiste em não consumir, além da carne, nada de origem animal, como ovos, laticínios e embutidos, e recusa-se a usar produtos, como cosméticos e tecidos que fazem teste em animais.
“Quando me despertei para a causa, sabia que não seria fácil, então comecei a fazer leituras sobre o tema, pesquisar e me informar o máximo possível. Eu falo que me despertei consciente, porque desde criança sempre tive esse ‘q’ para o veganismo, mas nunca tive nenhum incentivo e o desconhecimento desse modelo de vida me assustava um pouco. Mas optei por essa mudança por uma única e exclusiva causa: a vida dos animais”, contou a vendedora.
Desde que cortou carnes e derivados de animais, Karina emagreceu 14 quilos. “Quando você para de comer carnes, embutidos, e outros derivados, automaticamente investe em alimentação saudável. O veganismo, além de salvar a vida dos animais, te proporciona mais saúde”.
Para Karina, grande parte dos pratos podem ser adaptados se tiver criatividade. “Temos vários alimentos ricos em proteínas que podem substituir a carne: soja, brócolis, lentilha, couve, feijão. São inúmeros, é só estudar um pouco e saber como substituir. Meus pratos preferidos são o quibe assado e o bolo de chocolate. É possível ter uma alimentação divertida e diferente”.
Ainda segundo a vendedora, a qualidade de vida vem com naturalidade durante o processo. “Dentro do veganismo pensamos da seguinte maneira: quando se come carne, você está comendo um cadáver. Aquele animal foi submetido a um tratamento cruel até chegar no seu prato. A qualidade de vida é gritante, e a consciência tranquila é melhor ainda”, disse.
Dúvidas sobre a alimentação de Karina são frequentes, mas ela explica que consegue responder a todos sem se incomodar, principalmente, quando os curiosos perguntam o porquê de não retirar somente a carne.
“As pessoas perguntam: mas como você vive sem queijo, leite e manteiga? Simples, antes deu pensar no sabor do alimento, penso que para ele ser feito, um bezerro, que é um ‘bebê’, precisou ser retirado de sua mãe, os animais choraram dias e dias, e para que? Já que podemos fazer leite e queijo vegetal”, finalizou.
Vegetarianismo
A chefe pâtissier Laís Thompson, 24 anos, explica que adotou o vegetarianismo há quatro anos, que consiste em não comer carne, mas mantém o consumo de derivados.
Laís explica que também optou pela alimentação sem carne pela causa animal e que, tecnicamente, adotou o termo ovolactovegetariana, já que consome ovos e derivados do leite.
“Foi uma decisão baseada muito mais em ética e crença pessoal do que visando à saúde, a princípio. Sempre senti desconforto diante da morte dos animais para nosso consumo. Pensar nisso sempre me deixou triste. Mas por muito tempo eu ignorei o fato, e continuei consumindo a carne, que eu gostava muito, por sinal. Mas chegou uma hora em que tive que dar um basta. Precisava que meus hábitos condissessem com meus pensamentos. E assim, da noite para o dia, parei de comer carne”, explica.
A chefe conta, ainda, que apesar da mudança radical, já que não passou por um período de transição, não teve dificuldades.
“Não sofri nada, como muita gente pode achar. Por se tratar de uma decisão baseada em ética e crença pessoal, foi muito simples. Em relação à saúde, não tive nenhuma alteração negativa. Nada de fraqueza ou anemia, como as pessoas costumam achar que vai acontecer”, comentou.
A jovem, que é formada em gastronomia, aproveita o conhecimento e a criatividade para criar e adaptar novas receitas. Ela conta também que sua alimentação é baseada em “frutas, verduras e leguminosas e que dá para fazer uma variedade de receitas com esses ingredientes”.
Impacto ambiental
“O veganismo e vegetarianismo são movimentos mundiais que estão crescendo muito. Há toda uma nova geração preocupada não só com a própria saúde, mas com os animais e o ambiente. Deixar de consumir carne não está relacionado apenas ao não sofrimento do animal, embora isso fosse motivo suficiente. Está relacionado também à toda a cadeia de produção agropecuária, que causa um impacto ambiental muito grande”, finalizou Thompson.
Como substituir
A nutricionista Tauane Norbiato orienta que a retirada da carne pode ocasionar a ausência de algumas substâncias como proteínas, nutrientes específicos, ômega-3, ácidos graxos, ferro, zinco, cálcio e vitaminas D e B12. Para adotar o vaganismo ou vegetarianismo é necessário o acompanhamento com profissional da área, que vai poder orientar sobre a rotina alimentar no período de transição.
A substituição da carne não é tão difícil quando há disposição. “O ideal é substituir a carne por alimentos ricos em proteínas e vitaminas que sejam de origem vegetal como: leites vegetais (leite de amêndoa), PST – proteína da soja e embutidos de soja, cogumelos, sementes de chia e linhaça, amendoim, paçoca e pasta de amendoim, castanhas, tofu, ervilha, grão de bico, lentilha, aveia, coco e derivados, trigo para quibe, quinoa, cereais integrais e gergelim”, orienta.
Outra dica da nutricionista é fazer a suplementação com nutrientes em capsulas que podem ser manipuladas de acordo com a necessidade do paciente.
“Na prática não há muitos efeitos colaterais, mas deve ser acompanhado, o organismo vai se adaptando ao novo estilo de vida, porém os músculos podem levar mais tempo para se recuperar após a prática de exercícios físicos”, finalizou a especialista.