Um ano depois de edifício no Centro desabar, moradores se mudam para outras ocupações
Do Estadão:
Acomodada em uma suíte no primeiro andar de um hotel desativado, a auxiliar de limpeza Suzana Santiago, de 43 anos, evita olhar pela janela. Em um terreno bem na frente do imóvel, mas do outro lado da Avenida Rio Branco, no centro, ficam à mostra pedregulhos, pedaços de madeira e ferros retorcidos. São destroços do que, há um ano, ela chamava de casa: o Edifício Wilton Paes de Almeida.
O prédio no Largo do Paiçandu era ocupado por sem-teto do Movimento de Luta Social por Moradia (MLSM) e desmoronou após um incêndio na madrugada de 1.º de maio de 2018. Cinco adultos e duas crianças morreram. Outras 291 famílias ficaram desabrigadas. “É muito triste relembrar tudo aquilo”, diz Suzana, que, vítima do desastre, recebe auxílio-moradia de R$ 400 desde então.
Apesar do benefício, ela e outros sem-teto voltaram a viver em invasões do centro. Em geral, alegam falta de opção. A auxiliar de limpeza conta que acampou por três meses no Paiçandu. Depois, encontrou uma casa na Penha, na zona leste, mas ficou desempregada e não pôde mais arcar com o aluguel de R$ 600. “O valor do auxílio é baixo, o jeito foi procurar outra invasão.”
Invadido em 2011, o hotel na Rio Branco é administrado pelo movimento Frente de Luta por Moradia (FLM) e foi um dos 51 imóveis vistoriados pelo Município após a tragédia. Lá, a Defesa Civil viu divisórias de madeira que poderiam propagar fogo, além de botijões de gás. Parte das recomendações foi cumprida, como o treinamento de brigada de incêndio.
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