UE poderá lançar ajuda por via aérea em Gaza como último recurso

6 de março de 2024 98

A Comissão Europeia poderá optar, em último recurso, por lançar ajuda humanitária sobre Gaza usando os aviões atribuídos ao Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia (UE), perante as dificuldades de entrada de camiões no território, foi avançado esta quarta-feira.

Questionado sobre a ajuda humanitária aos civis palestinianos, o porta-voz do executivo comunitário para a Gestão de Crises, Balazs Ujvari, referiu que Bruxelas está a "analisar muito atentamente a possibilidade" de fazer chegar a assistência por via aérea.

Para tal, adiantou o porta-voz, terão de ser usados parceiros já no terreno ou os meios colocados pelos Estados-membros à disposição do Mecanismo de Proteção Civil europeu.

Esta possibilidade, salientou ainda o representante, será sempre uma solução de último recurso, não só pela menor quantidade de bens que podem ser distribuídos mas também porque "não substitui o trabalho humanitário no terreno", que deve estar garantido pelo direito internacional.

Uma porta-voz da UNICEF disse esta quarta-feira à agência Lusa ter testemunhado horrores na Faixa de Gaza, onde milhares de crianças já morreram de fome e de doença e outras tantas estão com a vida em perigo.

Entrevistada a partir de Lisboa, Tess Ingram, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) que se encontra em Amã (Jordânia), onde está atualmente colocada, disse à Lusa que nunca pensou assistir a tanto horror durante a visita de uma semana, em trabalho, que efetuou ao sul e centro do enclave palestiniano.

Em 07 de outubro de 2023, combatentes do movimento islamita palestiniano Hamas - desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pela UE, Estados Unidos e Israel - realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, 130 dos quais permanecem em cativeiro, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.

O conflito fez até agora na Faixa de Gaza mais de 30 mil mortos, mais de 71.000 feridos e cerca de 8.000 desaparecidos soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.

Segundo a ONU, há ainda quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de desnutrição que já está a fazer vítimas, segundo a ONU.

Fonte: DN/Lusa