Sendo este um blog que ficou mais de um ano trazendo pelo menos um post novo a cada dia, pode ter causado estranheza o apagãodestas 4ª e 5ª feira. Mas, nada de grave aconteceu, felizmente. Apenas minha mudança e alguns problemas que ela causou ao computador.
 
Mas, mesmo sem sinistrose, é um momento difícil. As circunstâncias me obrigam a reconstruir mais uma vez minha vida, sem o vigor e os sonhos ardentes de quando resolvi trilhar o caminho revolucionário.
 
De quando deixei os cárceres militares em frangalhos e tive de arrumar novas motivações para seguir adiante, pois sabia que a construção de uma sociedade mais justa e humanizada era um projeto que hibernaria por longos anos no Brasil.
 
De quando acreditei que nas comunidades alternativas conseguiríamos manter um estilo solidário e harmonioso de vida, apesar de todos os horrores que grassavam lá fora.
 
De quando também esta esperança definhou e só me restou dedicar-me à carreira jornalística, minha opção de sobrevivência material, e a prover o antídoto na porção não alugada do meu tempo, colaborando com edições marginais e travando uma ou outra luta em defesa de companheiros injustiçados.
 
De quando saí da minha zona de conforto aos 50 anos para realizar o sonho de ser pai biológico, passando por um sem-número de percalços em função disto.
 
De quando construí, sucessivamente, duas famílias, com uma filha em cada uma dessas uniões que desabaram como castelo de cartas, por golpes de azar e por perseguições de poderosos que não suportam a existência de homens verdadeiramente livres, que seguem sua consciência em qualquer situação e não compactuam com a traição dos ideais mesmo quando é o seu lado que nela incide.  
 
Por tanto querer estar junto de seres realmente humanos, com coragem de lutarem por seus sonhos e discernimento para escolherem os melhores caminhos, várias vezes ocorreu de eu me ver sozinho.
Não nego: isto dói. Mas, o preço para se levar uma existência sem sobressaltos numa sociedade tão injusta é o conformismo e a bovinização, a aceitação incondicional do primado do lucro sobre a vida, da ganância sobre a fraternidade, da auto-preservação sobre a capacidade de indignar-se com a barbárie nossa de cada dia.

Nem aos 18 nem aos 68 anos algo assim seria suportável para mim. Então, convencido de que uma velhice tranquila não é para revolucionários, continuarei até o fim me inspirando no bom conselho do Chico Buarque: "Eu semeio vento / na minha cidade / vou pra rua e bebo a tempestade".
 
Luta que segue. (Celso Lungaretti)
 
Sendo este um blog que ficou mais de um ano trazendo pelo menos um post novo a cada dia, pode ter causado estranheza o apagãodestas 4ª e 5ª feira. Mas, nada de grave aconteceu, felizmente. Apenas minha mudança e alguns problemas que ela causou ao computador.
 
Mas, mesmo sem sinistrose, é um momento difícil. As circunstâncias me obrigam a reconstruir mais uma vez minha vida, sem o vigor e os sonhos ardentes de quando resolvi trilhar o caminho revolucionário.
 
De quando deixei os cárceres militares em frangalhos e tive de arrumar novas motivações para seguir adiante, pois sabia que a construção de uma sociedade mais justa e humanizada era um projeto que hibernaria por longos anos no Brasil.
 
De quando acreditei que nas comunidades alternativas conseguiríamos manter um estilo solidário e harmonioso de vida, apesar de todos os horrores que grassavam lá fora.
 
De quando também esta esperança definhou e só me restou dedicar-me à carreira jornalística, minha opção de sobrevivência material, e a prover o antídoto na porção não alugada do meu tempo, colaborando com edições marginais e travando uma ou outra luta em defesa de companheiros injustiçados.
 
De quando saí da minha zona de conforto aos 50 anos para realizar o sonho de ser pai biológico, passando por um sem-número de percalços em função disto.
 
De quando construí, sucessivamente, duas famílias, com uma filha em cada uma dessas uniões que desabaram como castelo de cartas, por golpes de azar e por perseguições de poderosos que não suportam a existência de homens verdadeiramente livres, que seguem sua consciência em qualquer situação e não compactuam com a traição dos ideais mesmo quando é o seu lado que nela incide.  
 
Por tanto querer estar junto de seres realmente humanos, com coragem de lutarem por seus sonhos e discernimento para escolherem os melhores caminhos, várias vezes ocorreu de eu me ver sozinho.
Não nego: isto dói. Mas, o preço para se levar uma existência sem sobressaltos numa sociedade tão injusta é o conformismo e a bovinização, a aceitação incondicional do primado do lucro sobre a vida, da ganância sobre a fraternidade, da auto-preservação sobre a capacidade de indignar-se com a barbárie nossa de cada dia.

Nem aos 18 nem aos 68 anos algo assim seria suportável para mim. Então, convencido de que uma velhice tranquila não é para revolucionários, continuarei até o fim me inspirando no bom conselho do Chico Buarque: "Eu semeio vento / na minha cidade / vou pra rua e bebo a tempestade".
 
Luta que segue. (Celso Lungaretti)
 
A VISÃO DEMOCRÁTICA (POR CELSO LUNGARETTI )