Samarco planeja investimentos de R$ 1,6 bilhão no próximo ano

20 de dezembro de 2022 398

Após investir mais de R$ 1,1 bilhão neste exercício, a Mineradora Samarco prevê aportar R$ 1,6 bilhão em 2023. Desse total, R$ 721 milhões serão destinados à continuidade das obras de descaracterização da barragem e cava de Germano, em Mariana, na região Central. O restante englobará outras frentes que visam à sustentação das operações rumo à retomada total da capacidade produtiva, prevista para ocorrer de forma gradual e segura até 2028.

Atuando com 26% da capacidade operacional total de 30 milhões de toneladas/ano, a empresa produziu mais de 7,5 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério de ferro até novembro deste ano, alta de 5,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. Quando considerado 2021 em sua totalidade, a produção chegou a 7,879 milhões de toneladas.

Até o momento já foram embarcados 77 navios. E, até outubro, foram gerados mais de R$ 915 milhões em tributos da própria empresa e aqueles gerados na aquisição de bens materiais e serviços de fornecedores. Até o fim de 2022, os impostos devem somar R$ 1,1 bilhão, incluindo a projeção dos dois últimos meses.

“Neste segundo ano de nossa retomada, concretizamos a estabilidade operacional da empresa, superando as expectativas de performance, alcançando mais eficiência e custo operacional competitivo. Ao mesmo tempo, consolidamos nosso retorno ao mercado e nossas relações com clientes estratégicos. Em 2023, queremos, evoluir ainda mais para seguirmos com o nosso propósito de fazer uma mineração diferente, mais segura e sustentável”, destacou o presidente da Samarco, Rodrigo Vilela.

Retorno da Samarco após rompimento da barragem

Com o retorno das atividades em dezembro de 2020, mais de 15,3 milhões de toneladas de minério de ferro já foram enviadas a mercados das Américas, Europa, Oriente Médio, Norte da África e Ásia, além do Brasil. A produção atualmente soma cerca de 8 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério de ferro. Deste total, apenas 5% ficam no mercado interno e 95% são enviados ao exterior.

É que com o rompimento da barragem de Fundão, em Bento Rodrigues, ocorrido em 2015, a Samarco teve todas as licenças suspensas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em 2016 e as operações embargadas. A tragédia deixou 19 mortos, poluiu a bacia do rio Doce e inundou o distrito de Bento Rodrigues.

No fim de 2017, a empresa, que é uma joint venture de BHP e Vale, obteve a primeira licença rumo à retomada. Desde então, iniciou uma série de adequações para a volta das atividades. Conforme já publicado, a destinação da cava da mina Alegria Sul para a destinação dos rejeitos úmidos e a instalação de um sistema de filtragem para os rejeitos arenosos foram fundamentais para esse processo.

Já para o ano que vem, o duto será alterado e a capacidade aumentada para quase 20 milhões de toneladas. No entanto, o plano de retomada da companhia prevê o alcance de 30% a 32% das 30 milhões de toneladas/anuais totais em 2023. Já em 2026, com a ativação do concentrador 2, a produção atingirá os 60%.

“Para este momento, será necessário um novo aporte da ordem de U$ 380 milhões, em vistas de praticamente duplicar o sistema de filtragem. Já para 2029, quando está previsto o alcance das 30 milhões de toneladas, teremos que duplicá-lo novamente”, disse o diretor de planejamento e operações, Sérgio Mileipe, em abril.

Ações e projetos que marcaram 2022

Entre as ações que marcaram este ano, a Samarco destaca a inauguração do Centro de Operações Integradas (COI) integrando áreas de planejamento, operações, gestão de ativos, entre outras, para reforçar a segurança operacional e de processos.

Além disso, a empresa vem investindo no projeto Dry Stacking para construção de uma planta de filtragem e de aterros experimentais para análise das melhores formas de disposição e do comportamento geotécnico das pilhas, no Complexo de Germano.

A mineradora também lançou o Programa de Diversidade, Equidade e Inclusão. E, por meio do Força Local, que contribui com o desenvolvimento socioeconômico dos territórios onde a empresa atua, a Samarco desembolsou cerca de R$ 480 milhões em compras com fornecedores locais. E, em 2022, 112 empresas foram certificadas no Pilar Desenvolvimento e Qualificação de Fornecedores Locais.

Fundação Renova e reparações do rompimento da barragem

Por fim, sobre os esforços sobre a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem, a empresa informou que, até outubro, foram destinados mais de R$ 25,79 bilhões para a reparação, incluindo a indenização de mais de 407,7 mil pessoas, por meio da Fundação Renova.

E diz que se mantém aberta ao diálogo com os órgãos públicos em busca de uma solução para repactuação dos acordos firmados anteriormente, a fim de dar mais celeridade e efetividade às ações.

Vale dizer, por fim, que em outubro a Fundação Renova e a Prefeitura de Mariana assinaram termo de compromisso para a entrega do novo distrito de Bento Rodrigues. O documento sustenta o plano de ação para que os serviços essenciais, como tratamento de água e esgoto, transporte público, limpeza urbana, iluminação e segurança, estejam em pleno funcionamento no local. A expectativa agora é que os moradores possam, enfim, planejar a mudança para o novo distrito.

Fonte: Por Mara Bianchetti