POR QUE UM FESTIVAL DO WESTERN ITALIANO AGORA? POR CAUSA DO BATEAU MOUCHE E DO FRENESI ELEITOREIRO

17 de dezembro de 2021 418

Fiscalização subornada, iate superlotado e 55 infelizes
que festejaram cedo demais e não passaram de ano

Ao lançar este blog em agosto de 2008, prometi colocar no ar pelo menos um post novo por dia. Só que, ao assumir tal compromisso, eu não levei em conta o fator Bateau Mouche. Explico.

Uma viagem turística para comemorar a passagem de 1988 para 1989 terminou, em pleno réveillon,  com a embarcação no fundo da Baía de Guanabara e 55 pessoas mortas, das 142 que estavam a bordo.

Devido à falta de algo melhor para preencher as páginas de Geral naquele período morno,  o jornal no qual eu trabalhava passou uns dez dias esticando aquele assunto que fora esgotado nos três primeiros.

E o pior de tudo é que era eu o redator incumbido de, tarde após tarde, copidescar as notícias que os repórteres produziam sobre o naufrágio do Bateau Mouche, corrigindo erros, aumentando a clareza, fundindo vários textos num só, etc. 

Não aguentava mais chegar no jornal sabendo que minha primeira tarefa do dia seria cuidar dessa lengalenga. Considerava indigno vender peixe podre como se o prazo de validade já não estivesse pra lá de vencido.   


Então, depois que a grande imprensa fechou as portas para mim na década passada (por não me prostrar docilmente a seus interesses), decidi nunca mais jogar esse jogo.

É o que estou fazendo agora. Recuso-me a ficar elucubrando sobre uma eleição marcada para o longínquo mês de outubro e que corre imenso risco de não vir a ser realizada (isto porque a situação dos explorados se torna cada vez mais dramática, daí a forte possibilidade de ocorrer uma explosão social lá pela metade de 2022).

Além disto, qualquer foquinha sabe que eleição no Brasil se decide é no 2º semestre do ano respectivo, pois o homem comum só começa a pensar no assunto quando terminam as férias escolares de julho. 

De mais a mais, a perspectiva de um indivíduo totalmente ignorante, grotesco, crapuloso e genocida, com a insanidade mental transparecendo em cada frase e cada gesto, completar o seu catastrófico mandato é tão vergonhosa para o Brasil e para os brasileiros que eu estarei fazendo tudo ao meu alcance, até o último dia, para a ignomínia não se tornar o novo normal deste país.

Se querem atirar a nós todos no inferno ou no esgoto porque almejam desmedidamente o poder pelo poder (mesmo ao preço da impunidade do responsável por centenas de milhares de mortes evitáveis), não contem com meu endosso, nem com a minha omissão!


Então, faz todo sentido eu buscar opções para manter este blog ativo (e o mini-ciclo ora em curso é uma delas) sem estimular tal frenesi eleitoral extemporâneo, que contribui para tirar o foco dos miseráveis catando comida no lixo e também para alimentar essa escalada de tensões que prenuncia muita turbulência no ano vindouro.  

A solução para nós, que padecemos sob a crise agônica do regime de exploração do homem pelo homem, não está no pleito de 2022, nem virá de toques nos teclados. Nada acontecerá enquanto não tirarmos a bunda da cadeira e formos para a rua transformar a sociedade.  .

(por Celso Lungaretti)

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Fonte: CELSO LUNGARETTI
A VISÃO DEMOCRÁTICA (POR CELSO LUNGARETTI )