“Pode o PT sobreviver sem Lula?”, pergunta The Economist

27 de janeiro de 2025 85

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil e principal nome do Partido dos Trabalhadores (PT), teria surpreendido aliados ao condicionar sua candidatura em 2026 ao estado de saúde, de acordo com a tradicional revista britânica The Economist.

A publicação observa que o partido, sem outro nome tão forte quanto Lula, enfrenta “uma crise de identidade”. O cenário político do Brasil mudou desde a fundação do PT, criado para representar uma classe trabalhadora sindicalizada e majoritariamente católica. Hoje, com a ascensão do agronegócio e de trabalhadores temporários, o eleitorado que o partido busca representar “se dispersou”.

A publicação destaca que a liderança de Lula no PT foi consolidada, entre outros fatores, pela forma como ele lidou com possíveis concorrentes internos, o que garantiu seu controle sobre a legenda. No entanto, os escândalos de corrupção, como o Petrolão, abalaram sua imagem e a do partido. Ainda assim, pesquisas recentes indicam que Lula venceria qualquer rival em 2026, mas muitos brasileiros acreditam que ele não deveria disputar novamente.

Entre os possíveis sucessores dentro do PT, o artigo cita Fernando Haddad, ministro da Fazenda, que é descrito como “um pragmático” e defensor do equilíbrio fiscal. Porém, essa postura causa descontentamento entre setores do partido, e Haddad ainda carrega o peso da derrota para Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. Outras opções incluem Camilo Santana, ministro da Educação, e Rui Costa, ex-governador da Bahia. Ambos são considerados pouco conhecidos em escala nacional.

Fora do PT, a revista menciona Guilherme Boulos e Tabata Amaral, deputada vista como uma nova liderança progressista. Porém, ambos enfrentam desafios: Boulos não conseguiu traduzir sua atuação social em sucesso eleitoral, e Amaral ainda é criticada por sua inexperiência.

O artigo também observa a mudança na base eleitoral do PT, que se deslocou do Sudeste industrializado para o Nordeste, onde parte significativa da população depende de programas de transferência de renda. Isso é visto como uma fragilidade, já que partidos de direita também têm adotado políticas semelhantes. Além disso, o número de prefeituras administradas pelo PT caiu de 624 em 2012 para 252 atualmente, o que reflete a perda de relevância em diversos municípios.

The Economist conclui que, enquanto o PT dependia de uma base de “pobres organizados” no passado, hoje a legenda se apoia em “pobres desorganizados”. Sem Lula, o partido enfrenta o desafio de “superar sua dependência de uma única figura” para sobreviver politicamente.

 

Fonte: ALEXANDRE BORGES/O ANTAGONISTA