Planejamento familiar

Gostaria de complementar o artigo de Eudes Quintino "Aconselhamento genético", publicado no Diário da Região de 23/3, que analisa a iniciativa do Ministério da Saúde para a implantação de um programa visando a identificação de casais com riscos genéticos hereditários. Eles seriam submetidos a exames de laboratório para evitar o nascimento de crianças com a mesma doença. Evidentemente, não seria o caso da eugenia, a discriminação por etnia ou categoria social, mas apenas de saúde, de prevenção para que o bebê nasça sadio.
O problema é de alçada pública, não podendo ser restrito apenas ao âmbito pessoal. Cabe ao Estado conscientizar a família sobre a qualidade e a quantidade dos filhos que possa ter, pensando no bem público e não no egoísmo individual. É significativo o fato que, ao nascer, enquanto o bebê chora por ter vindo ao mundo, seus genitores esboçam um largo sorriso de contentamento por satisfazer o instinto natural da continuação da espécie. Pois bem, a este direito de procriar deveria corresponder o dever de educar, assistindo o recém-nascido, especialmente ao longo da infância e da adolescência, quando mais precisa de ajuda, pois é quando se forma sua personalidade.
O direito de um homem e de uma mulher terem filhos não pode anular o direito de um filho ter uma mãe e um pai que cuidem de sua existência. Infelizmente, no Brasil e em outros países com bolsões de miséria, são os pobres que mais procriam, sem condições econômicas de sustento. Não há crime maior contra a sociedade do que dar à luz um ser humano sem poder garantir-lhe casa, comida, saúde, educação e, sobretudo, amor. A responsabilidade materna e paterna, de gente pobre ou rica, é insubstituível, pois o desajuste de uma criança mal assistida se reverte em incalculável prejuízo para a coletividade toda por estar lá a origem da marginalidade.
Como nossos governantes respondem a esta questão fundamental de cidadania? Com omissão ou hipocrisia! Os políticos, pelo medo de perderem os votos das grandes camadas religiosas, induzidas a não usarem contraceptivos e a suportar uma gravidez indesejada, fazem vista grossa e não apresentam planos eficientes de controle de natalidade. Ao contrário, através de programas assistenciais, especialmente da bolsa-família, estimulam a procriação irresponsável. O planejamento familiar e o controle da natalidade, através de medidas preventivas, ajudaria a resolver também o problema da emigração no mundo todo, evitando o êxodo de jovens pobres e despreparados, que abandonam suas cidades em busca de abrigo em outras regiões ou países. Vale lembrar a observação do filósofo grego Aristóteles:
"Quanto mais desenvolvida for a espécie, menor será sua prole"
Salvatore D' Onofrio
Dr. pela USP e Professor Titular pela UNESP
Autor do Dicionário de Cultura Básica (Publit)
Literatura Ocidental e Forma e Sentido do Texto Literário (Ática)
Pensar é preciso e Pesquisando (Editorama)
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