“Pisou fora da linha, está fora”, afirma novo ministro ao prometer pacificação do MEC

Ao participar da cerimônia de transferência de cargo no Ministério da Educação, nesta terça-feira, o novo ministro, Abraham Weintraub, afirmou que a pasta agora terá direção e quem não estiver satisfeito com o rumo do ministério, será retirado. “A gente vai pacificar o MEC. Como funciona a paz? A gente está decretando agora que o MEC tem um rumo, uma direção, e quem não estiver satisfeito com ela vai ser tirado [...] Eu posso ter posições diferentes do que o presidente Bolsonaro acha. Eu tenho duas alternativas: ou eu obedeço, ou caio fora”, disse o ministro.
Weintraub foi enfático no discurso sobre pacificação, dizendo que quem continuar em guerra será retirado sem segundo aviso e também mencionando diretamente as divisões políticas que tomaram conta do MEC nestes primeiros meses de governo e causaram a paralisia do ministério, que tem orçamento de cerca de R$ 120 bilhões. “Estou aberto a diversas posições, a olavistas, a militares, à gente de esquerda disposta ao diálogo”, argumentou o ministro, ressaltando que não é radical e que a pacificação não significaria intolerância. Olavistas é como são chamados assessores do ministério que foram alunos do filósofo Olavo de Carvalho.
O novo ministro, no entanto, também é fã de Olavo e já deu demonstrações públicas disso. “Quando ele (um comunista) chegar para você com o papo 'nhoim nhoim', xinga. Faz como o Olavo de Carvalho diz para fazer. E quando você for dialogar, não pode ter premissas racionais”, disse em um evento no fim do ano passado, conforme relato feito à época pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Abraham Weintraub ainda destacou o alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro e sua estratégia de governo. “O que vamos fazer está no plano de governo, não é nenhum absurdo.” O novo ministro já estava entre os quadros do governo. Ele deixou a vaga de número dois da Casa Civil, onde era secretário-executivo, e tinha como principal atribuição negociações em torno da reforma da Previdência, para assumir o MEC.
Já o ex-ministro, Ricardo Vélez, ao discursar na entrega do cargo para seu sucessor, chamou de mentirosas as informações de que o Ministério da Educação tenha ficado parado por causa de disputas de poder. “Mentira se combate com fatos. Me desgastei, paguei o preço, e não me arrependo porque nunca esmoreci na tentativa de tirar a limpo os maus manejos, as más práticas e o desrespeito ao dinheiro do contribuinte.”, afirmou Vélez.