Os Militares Nunca Estiveram Submersos
Os Militares Nunca Estiveram Submersos
Alguns podem ficar comovidos com a nota do presidente da Anvisa, Barra Torres, contra as insinuações de Bolsonaro a respeito da aprovação da vacina infantil pela Agência.
Pode-se mesmo pensar estarem os militares tencionando sua relação com o presidente genocída, pois, na mesma semana, o chefe do Exército impôs normativa requisitando vacinação do corpo militar e proibindo a publicação de notícias falsas.
Nada mais falso, contudo. Na realidade, esta leitura é fruto de uma apreciação superficial dos acontecimentos.
De fato, conforme já defendi em outras oportunidades, o governo Bolsonaro é um projeto dos militares. Foi a forma encontrada pela alta cúpula das três forças, da ativa e da reserva, de retornar ao poder político, pois marginalizados desde o fim da ditadura.
Por isso, eles se associaram carnalmente a Bolsonaro na matança perpetrada durante a Pandemia. Tendo à frente um General incompetente, e com o Ministério da Saúde coalhado de oficiais, os militares conduziram o programa bolsonarista da morte.
A própria Anvisa, do incensado Barra-Torres, várias vezes se submeteu à vontade bolsonarista, seja ao não impor medidas mais duras de restrição, ou quando não condenou aberta e oficialmente o uso da Cloroquina e outro elixires do presidente, ou até mesmo fazendo, na época do debate em torno das vacinas Coronavac e da Sputinik, o máximo possível de atrasos para a aprovação das vacinas chinesa e russa.
Quando era pra conseguir o cargo, valia de tudo para bajular o chefe.
Para além da Covid, a Anvisa tem sido, sob o comando de Barra Torres, a terra dos sonhos para o latifúndio e sua festa de agrotóxicos, com liberações recordes de substâncias comprovadamente tóxicas e deletérias para a saúde humana e para o meio ambiente.
E os chefes das três forças? Apenas agora se dignam a impor vacinação obrigatória às suas tropas. Isto quando na iniciativa privada já se pratica, há meses, a demissão por justa causa dos negacionistas.
Lembremos que tampouco há notícia da demissão em massa de seus cargos dos mais de 7 mil militares ocupantes de cargos públicos no nível federal. Nenhum deles fez o sacrifício maior de abrir mão de gordos salários e vantagens em nome da honra.
Na verdade, os valente de ocasião da caserna farejaram a situação atual e sabem que seu Frankenstein está morto. Não podem mais contar com Bolsonaro para manter as boquinhas atuais, pois a chance do presidente se reeleger vão ficando cada dia mais nulas.
Mais do que isso: Bolsonaro tem tudo para não apenas não se reeleger, mas também como jogar na desgraça para sempre todos os seus apoiadores mais próximos.
Neste cenário, a alternativa é seguir a dica número um dos marketeiros e reposicionar a marca. Convém então vestir a máscara de defensor da racionalidade e da honra.
Sempre lembraremos de Pazuello e sua notória frase: "um manda, outro obedece"
Por isso, Barra Torres, após ter aceito passear sem máscara com Bolsonaro em 2020, se sujeitado às humilhações em lives ao lado dele e ter engolido calado os ataques contra a Anvisa em 2021, em 2022 vira o grande herói do serviço público.
Outros heróis virão, na senda das pesquisas eleitorais. (Por: David Emanuel Coelho)
Postado por David Emanuel
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