OS INVISÍVEIS DA REPÚBLICA DESNUDADA/ 2

1 de outubro de 2020 263
(continuação deste post)
A MP do Governo Dilma Rousseff de desoneração da folha, que possibilita a substituição da contribuição previdenciária empresarial pelo pagamento de contribuições que tomem como base o faturamento bruto da empresa, foi vetada pelo governo atual, mas, mesmo que haja uma reconsideração e a sua manutenção venha a ocorrer, como quer corretamente o movimento sindical, representa medida de pouco fôlego diante do quadro geral.
 
Os sindicatos, sem qualquer poder reivindicatório num quando de depressão capitalista no qual a mercadoria força de trabalho dos seus filiados é oferecida a preços vis, cumprem o seu triste papel de pedintes fragilizados, ao invés de se portarem como força mobilizadora da sua própria superação enquanto artífices da produção do valor, elemento e alimento primário do capital.
 
O capital já não se preocupa com a mobilização sindical sem força, mas sim com a própria insustentabilidade dos seus fundamentos em fase de autodestruição social (agressão ecológica, outro sério fator contributivo do caos ora instalado, à parte). 
 
A força da insatisfação popular dos desempregados preocupa mais o capital do que os empregados que se apegam ao baixo salário como forma de sobrevivência familiar e aceitam tudo que é imposição patronal e política.
 
Como é triste ver o movimento sindical atrelado à velha cantilena da impossível busca de melhores salários ao invés de lutar contra a existência do próprio salário, superando-o e substituindo-o por um modo de produção no qual os verdadeiros produtores sociais (homens e mulheres que são obrigados a venderem a única mercadoria que têm, as suas forças de trabalho, agora sem compradores) sejam donos do seu nariz! 
 
Como é triste vê-lo (o movimento sindical) atrelado aos projetos eleitorais partidários que apenas legitimam uma ordem político-econômica que deve ser superada in totum!     

Não podemos continuar impotentes e ficarmos com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar, como na canção do Raul Seixas apropriadamente intitulada "Ouro de tolo". 
 
O futuro que se prenuncia não é de retomada do crescimento econômico (que já não servia desde antes), mas do apertar de cintos numa barriga vazia que já encostou na costela.
 
As premissas da luta revolucionária de hoje são diferentes daquelas que marcaram o período inicial da ascensão capitalista e da luta contra o feudalismo, e que sucumbiram por incapacidade da esquerda de superação da forma-valor como relação social emergente.
 
Hoje o sujeito da revolução não é a classe operária enquanto tal, mas o seu oposto, ou seja, a falência do sujeito automático da valorização do valor, que sucumbiu pelos seus próprios fundamentos e criou um exército de desempregados tão expressivo que a inclusão desse contingente populacional somente pode ocorrer a partir de um novo modo de produção.
 
Isto implica a conclusão de que não devemos almejar o poder político, mas negá-lo enquanto força auxiliar de um modo de produção já que já esgotou todas as suas possibilidades. 
 
Significa que devemos queimar etapas e passarmos diretamente para o estágio do controle horizontal da organização social diferenciada e de uma produção de bens voltados exclusivamente para a satisfação das necessidades de consumo, uma vez que a economia da forma-valor já se mostrou impossível de responder às necessidades sociais de consumo. 

Devemos subir nos ombros dos ensinamentos de Karl Marx sobre a crítica da economia política para dar continuidade do seu projeto revolucionário (que previu, no futuro, a superação das categorias capitalistas, ou seja, do valor econômico, do trabalho assalariado, do partido da classe operária, do próprio estado proletário, das classes sociais, da política, do dinheiro, da mercadoria, do mercado, etc.) sem reproduzir os conceitos de participação política institucional. 
 
Por quê? Justamente porque vivemos um estágio diferenciado do desenvolvimento capitalista, relativamente àquele no qual o velho barbudo formulou as suas teses científicas. 
 
A falência do projeto republicano de governo e de suas instituições, decorrente da falência do modo de produção ao qual serve, o capitalista, está a clamar por uma superação. 
 
Sejamos capazes de atender a este apelo do processo dialético histórico social!!! (por Dalton Rosado)
 
A VISÃO DEMOCRÁTICA (POR CELSO LUNGARETTI )