Os evangélicos terão uma grande influência na eleição dos prefeitos rondonienses
Crime e soberania
Vários mitos caíram por terra em 2023. Além da crença em Papai Noel ter se dissipado nestes tempos em que as crianças mergulham obsessivamente na internet durante as férias, a crença em pelo menos outros dois mitos foi abalada em 2023. Um mito é o de que para salvar a Amazônia e o clima no mundo basta parar o desmatamento e reflorestar as áreas recuperáveis da floresta. Outro, de que os EUA, como a ave de rapina que é seu símbolo, querem a internacionalização da Amazônia para dominá-la.
Talvez o mito maior seja o de que só há uma solução que ao ser aplicada terá como resultado a salvação do mundo. Parar o desmatamento e reflorestar são medidas corretas, mas estarão longe de representar a solução definitiva sem o apoio de um combate ao crime mais efetivo e políticas sociais mais resolutivas.
Os nacionalistas indignados e os patriotas de ostentação ergueram brados ruidosos contra um projeto de lei de três senadores estadunidenses seguindo a velha cartilha da teoria da conspiração que falsifica e frauda na tentativa de comprovar fantasias. Na verdade, o projeto procura tornar efetivo o apoio do Grande Irmão do Norte às medidas necessárias à proteção da floresta. Não existem ameaças reais de outros países à soberania brasileira na Amazônia. Elas vêm só do crime organizado. Criminosos que se escondem por trás de discursos nacionalistas e pseudopatrióticos também precisam ser combatidos.
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A aproximação
Não é a toa que o presidente Luís Inácio Lula da Silva recomendou ao PT e aos partidos da sua base aliada no Palácio do Planalto se aproximar dos evangélicos. Em Rondônia, onde o segmento elegeu uma verdadeira bancada de deputados estaduais e federais, os evangélicos terão uma grande influência na eleição dos prefeitos rondonienses, já que respondem na capital por cerca de 30 por cento do eleitorado e no interior contam com percentual maior ainda. Ser contra os evangélicos em Ji-Paraná, Cacoal e Cerejeiras, onde existe uma população maior ainda de crentes, por exemplo, politicamente, é desabar no despenhadeiro
Em Porto Velho
Na capital, os evangélicos influenciam menos as eleições do que em nosso interior, mas são decisivos, juntamente com o eleitorado conservador. Um quesito que os possíveis pré-candidatos Fernando Máximo, Cristiane Lopes (ambos do União Brasil) e Leo Moraes (Podemos) estão mais bem enfronhados do que os concorrentes muito citados, como Mariana Carvalho (Progressistas), Willians Pimentel (MDB), Vinicius Miguel (PSB), Pimenta de Rondônia (PSOL), Fátima Cleide (PT) e Samuel Costa (PC do B). Evangélicos são mais conservadores e pouco se alinham com a esquerda.
Mais antenado
A grande expectativa é que o novo ministro da Justiça Ricardo Lewandowski seja mais antenado com os problemas de Rondônia e dos estados da Amazônia legal no tocante ao narcotráfico, descaminho e o contrabando de armas destinadas aos morros do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Em nossas divisas com a Bolívia tem passado boi, passado boiada. O tráfico de cocaína está num crescente, seja pelos modais rodoviário ou fluvial, ou mesmo até mesmo no espaço aéreo com tantas aeronaves transportando entorpecentes para os grandes centos brasileiros e de lá para o exterior. É uma situação aflitiva.
A polarização
Conveniente para os dois lados, a polarização entre petistas e bolsonaristas deve seguir sua trajetória para as eleições municipais de 2024. Mas o que é da conveniência dos progressistas e conservadores, acontecerá com a maior cara de pau. Na região Nordeste, por exemplo, onde Lula aplicou uma sova em Bolsonaro, por conveniência, candidatos a prefeitos do PL se aproximam do PT e dos partidos da esquerda. No sul do pais, onde Lula apanhou de Bolsonaro, candidatos esquerdistas posam com mais conservadorismo e acenam para alianças com o PL e legendas bolsonaristas. Ao final, o que se vê é um jogo de conveniências para ambos os lados.
Atenções voltadas
Nas eleições municipais de 2024, as atenções estão voltadas para os principais colégios eleitorais do estado de Rondônia, que são pela ordem Porto Velho, Ji-Paraná, Ariquemes, Vilhena, Cacoal e Rolim de Moura. Ocorre que juntos, estes municípios contam com mais da metade do eleitorado nos 52 municípios existentes no estado e se tornam os polos regionais mais importantes, irradiando influencia para localidades vizinhas. Cidades do interior como Ji-Paraná, Rolim de Moura e Vilhena já elegeram governadores e atualmente os três senadores são do interior: Confúcio Moura (Ariquemes), Marcos Rogério (Ji-Paraná) e Jaime Bagatoli (Vilhena).
Via Direta
*** Nas eleições municipais de 2024 alguns municípios brasileiros poderão contar com plebiscitos para decidir temas polêmicos. As iniciativas devem partir das câmaras municipais *** De cabelos em pé, aliados do governador Marcos Rocha acreditam que o mandatário está preparando sua esposa Luana para disputar uma cadeira a Câmara dos Deputados em 2026 *** Ela tem sido onipresente nos eventos governamentais desde o ano passado *** O clã Negreiros está unido para reeleger mais uma vez o vereador Edvilson na Câmara de Vereadores da capital *** Já estaria tudo acertado para o ex-prefeito Mauro Nazif ingressar no MDB e lançar seu filho Maurinho como postulante a vereador. Será mesmo?
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POLITICA & POLÍTICOS (CARLOS SPERANÇA)
Colunista político do Jornal "DIÁRIO DA AMAZÔNIA", Ex-presidente do SINJOR, Carlos Sperança Neto é colaborador do Quenoticias.com.br. E-mail: csperanca@enter-net.com.br