Opinião. O vício do agora

Olá, meu nome é Hugo e estou há 12 segundos sem olhar para uma notificação no telemóvel… 13… 14… 15… Ish! Chegou uma mensagem no WhatsApp do grupo do condomínio. Vou só ver o que é e já volto para continuar a escrever este artigo. Esperem só um segundinho… ……
Voltei. Não era nada demais. A moradora do apartamento 113 encontrou algumas formigas gigantes e está a perguntar se o pessoal no prédio também está com o mesmo problema. Eu não, o meu problema é escrever este artigo agora e correr para o trabalho. Queria-vos falar do vício do agora, como estamos completamente escravizados pelo nosso telemóvel, pelas suas notificações e pela nossa necessidade de saber, constantemente, o que está a rolar pelo mundo. Hummmm. Desculpem, mas vou ter de fazer uma nova pausa.
Fiquei a pensar na formiga da moradora do 113. Ela partilhou foto e é um monstrinho o bichinho. Será que a mordida dela é dolorosa? E se aparecer no meu apartamento? Logo eu que tenho a mania de andar descalço. Não estou a fim de ser mordido no pé por essa cria do demo. Vou só ali pesquisar no Google e já volto…
… Ufa, não é assim tão má. As mordidas doem um pouco, mas nada de grave. Grave é o tempo passando e este artigo sem avançar nada. Continuando: Para as pessoas da minha geração, que viveram a época do telefone de discar, o telemóvel é a 8.ª maravilha do mundo. Uma “coisa má linda”, com mais tecnologia embutida do que a que levou Neil Armstrong à Lua, sempre à distância do nosso braço.
O problema desse portal do conhecimento é que se transformou num buraco negro de atenção. Tornámo-nos dependentes e… vocês se importam que eu dê uma olhada no Instagram? Postei uma foto incrível da luz do sol pela manhã irradiando sobre uma flor e uma cadeira. Ficou linda! E o pessoal está a curtir bués. Deixa só ver quantos likes já tem,… é só um segundinho… …… … Desculpem, demorei um pouco mais porque acabei fazendo um scroll down pelas fotos dos meus amigos. O bom é que só nesse período ganhei mais três likes. Estou com noventa e quatro!!!!
Muito bom para uma imagem deste tipo. Se quiserem ver a foto, passem lá: @veigahugo. Aproveitem e… E NADA! O artigo… (Pelo amor de Deus, Hugo, foca-te no artigo. Foco. Foco). Então, talvez esteja na hora de nos conectarmos mais com o mundo real. E como qualquer grande mudança é difícil de acontecer de um dia para o outro, sugiro algumas pequenas mudanças de hábito: 1 Coloque o seu telefone virado para baixo ou no bolso (isto, se as notificações não vibrarem). 2 Deixe o telemóvel “dormir” na sala. Não o leve para o quarto.
“Ah, mas é o meu despertador também.” Compre um despertador baratuxo. 3 Desative as notificações. Aqui, não falo daquelas necessárias à sua vida profissional. Falo das notificações de redes sociais e de apps. 4 … … … M%$*#, entrei rapidinho no Facebook pra ver uma coisinha e acabei clicando no post de um amigo sobre o Sporting.
Acabei num site desportivo, acabei vendo as notícias do meu FCP… (Casillas continua por mais uma época!!! Aê!!!)… acabei por ver uns vídeos idiotas e acabei por acabar com o número de carateres do artigo. Enfim, daqui a um mês falamos de novo. Aproveitando que terminei o artigo a tempo, vou só dar uma olhadinha no YouTube. Recebi a notificação de um novo vídeo do Porta dos Fundos. Executive creative director do AKQA São Paulo