NOVO GOVERNO MUDA DECISÕES DO ANTERIOR: CORREIOS E OUTRAS ESTATAIS ESTÃO PROIBIDOS À PRIVATIZAÇÃO

13 de abril de 2023 178

Até meados dos anos 80, duas instituições brasileiras tinham quase unanimidade, como das mais respeitadas pela população brasileira. Empatadas. Uma delas, o Corpo de Bombeiros. A outra, os Correios. Hoje, só os bombeiros se mantiveram no mesmo patamar. Os Correios, infelizmente, se tornaram uma das piores, no conceito dos brasileiros. Criado em 1663, ou seja, há 360 anos, o sistema de entrega de correspondência brasileiro se tornou vital durante todos estes séculos, até para a integração nacional. Foi a partir da existência da República Sindicalista, implantada no país, que transformou completamente, perante a visão dos brasileiros, todo o enorme respeito que os Correios tinham conquistado em sua longa história. Durante vários anos, os serviços dos Correios foram decaindo, até que a instituição se tornasse uma das menos apoiadas por ampla maioria da população. A situação foi piorando, com, ano a ano, a empresa, que era um Departamento e passou a ser Estatal, em 1969, acabasse somando uma série de reveses, com prejuízos sobre prejuízos. Em 2019, por exemplo, o passivo dos Correios chegou ao seu maior patamar: um negativo de 2 bilhões e 400 milhões de reais. Uma série de medidas, tomadas em seguida, inclusive preparando a empresa para a privatização, mudou completamente essa situação negativa. Prova disso foi o lucro atingido em 2021: nada menos do que 3 bilhões e 700 milhões. Ou seja, em pouco tempo, os Correios renasceram. Hoje são 106 mil funcionários, 57 mil deles carteiros. Em Rondônia, temos 83 agências, espalhadas pelos 52 municípios.

A privatização começou a ser tratada no governo passado. Em 2021, o então presidente Jair Bolsonaro encaminhou ao Congresso projeto de lei que permitia a transformação dos Correios em empresa privada. Aprovada pela Câmara dos Deputados, a ideia parou no Senado, onde não andou. Agora, tudo mudou. O presidente Lula assinou decreto, já publicado no Diário Oficial, retirando os Correios e outras estatais de qualquer programa que possa privatizá-las. Lula está cumprindo o que anunciou na sua campanha. Depois de eleito, o novo governo confirmou a mesma posição, apoiada pelo grupo de transição. Foi a partir deste grupo que o recém empossado Presidente teve corroborada sua decisão de impedir a expansão do projeto, de tornar empresas públicas como de propriedade privada.  Também entram no rol das proibições para a privatização outras estatais. Entre as mais conhecidas, estão a Empresa Brasil de Comunicação, EBC; a Dataprev e o Serviço de Processamento de Dados, Serpro. Qual o caminho correto? Estatização ou privatização? Logicamente que quanto maior a presença estatal, menos eficiência se pode exigir. Mas os defensores do comando do Estado sobre empresas, acham que se pode encontrar nuances positivas. O problema no Brasil é que vem um governo e defende uma questão e vem outro, defendendo algo radicalmente diferente. Certamente por isso estamos empacados e continuamos subdesenvolvidos, em muitas questões.

Fonte: SÉRGIO PIRES
OPINIÃO DE PRIMEIRA (SERGIO PIRES)

Colaborador do www.quenoticias.com.br: Sérgio Pires, experiente jornalista e que escreve a coluna OPINIÃO DE PRIMEIRA no jornal Estadão do Norte. Atua também na TV Candelária, onde apresenta aos sábados o programa Candelária em Debate e diariamente o "PAPO DE REDAÇÃO" na rádio Parecis FM. Contato através e-mail: ibanezpvh@yahoo.com.br / celular: 81 24 24 24