Na Assembleia, dinheiro do contribuinte jorra aos borbotões

20 de janeiro de 2020 592

FILOSOFANDO

"Quando o fanatismo gangrena o cérebro, a enfermidade se torna incurável". VOLTAIRE,  filósofo e escritor francês, um dos grandes representantes do Movimento Iluminista, nascido em Paris no ano de 1694.

 

EDITORIALZIM

Nunca é demais refletir sobre o momento vivido por Rondônia após um ano de um governante eleito na esteira do bolsonarismo. O segundo ano desse governo começa balizando que a falta de firmeza e de ideias garantidoras de algum êxito vai continuar pelo ano todo.

E assim vai se consolidando a visão de uma erosão do futuro rondoniense pela absoluta falta de ideias para tirar nossa política social e econômica do inevitável rumo ao despenhadeiro promovido pelo governante anterior.

Janeiro já caminha para o seu final e o governo do coronel Marcos Rocha segue demonstrando que não sabe atuar como quem comanda a gestão, não sabe os rumos a tomar para fazer as mudanças necessárias ao fomento da economia produtiva e de bem estar social.

Ainda está difícil prever o nível do dano a ser produzido por esse governo estéril se ele manter-se nos mesmo fundamentos durante a duração do mandato de quatro anos.

O secretariado do governo rondoniense é medíocre mas não corre risco de mudanças. O coronel parece não ter entendido ainda a necessidade de melhorar qualitativamente o seu "staff" se deseja se aproximar do povo. As coisas vão muito mal nesse governo mais perdido que cego em tiroteio. Principalmente no segmento da comunicação. Não será com essa Secom que o governo conseguirá transformar a frustração popular em apoiamento à sua gestão.

E por que o governador Marcos Rocha não promove mudanças nesse secretariado que não mostrou serviço depois de mais de um ano de gestão? Possivelmente por ser mais fácil procrastinar que agir.

Para manter a mesma política fracassada do primeiro ano de governo deve existir uma justificativa bizarra. Quem sabe Marcos Rocha foi aprisionado a um sentimento egoísta de não pensar na realização das pessoas habitantes do estado, através de ações do governo voltadas para melhorar a economia e gerar bem estar social! Quem sabe esteja convencido de que governar de verdade é uma coisa chata, exigindo do mandatário que ele faça a sua parte.

Não estimulo ninguém a esperar alguma proeza desse governante. Parece que nada vai mudar. Os desafios deixados pelas gestões anteriores vão continuar por aí, como os eternos obstáculos impedindo a população de ser mais feliz.

O governador resiste a entender que Rondônia precisa crescer se deseja ter protagonismo na política regional e projeção em nível de Brasil.

Rondônia tem uma posição geográfica privilegiada no contexto brasileiro além de sua imensa riqueza natural. Mas precisa de um governo que seja propulsor de seu desenvolvimento. Até agora não se conhece nenhuma ação especial do governo Marcos Rocha para colocar o estado nos trilhos.

 

DESAFIO

Ano eleitoral e o grande desafio de décadas continua sendo a esfinge para os aspirantes ao comando do Executivo municipal. Quem vai se comprometer com um programa de coleta e tratamento dos resíduos sólidos residenciais, o esgoto, de nossas cidades? É bom lembrar que não basta fazer o simples esgotamento do dejetos. É preciso levá-los a uma estação de tratamento.

 

PROPAGANDA

Um setor da Assembleia Legislativa que funciona a todo vapor, mesmo no período do recesso, é o da comunicação social. Uma autêntica fábrica de "notícias". A Casa está vazia, os deputados gozam a "dolce vita" do recesso, mas sua fábrica de comunicação abastece diariamente os meios como se os parlamentares estivessem em plena atividade, em suas modorrentas sessões.

Certamente isso é possível pelo fato de ser o Decom da Assembleia um dos mais lotados nichos de gente contratada pelo sistema de comissionados, nomeados sem a necessidade de concurso público. Todos estão ali para cavoucar qualquer coisa capaz de dar a falsa impressão de que os deputados estão fazendo alguma coisa no recesso.

São matérias produzidas numa linha de montagem sem se levar em consideração qualquer julgamento de valor, sem nenhuma correspondência com a raiz política da instituição. Mera propaganda em formato fake custeada com o dinheiro público. Uma comunicação que alimenta canais de informação absolutamente prostituídos com o recebimento de verbas distribuídas pela instituição e corrompidas até o tutano.

 

BORBOTÕES

Essa modalidade de manter o sistema de décadas de corrupção onde se envolveram diretamente os últimos presidentes do Legislativo é possível pelo fato de a Assembleia Legislativa de Rondônia receber dinheiro público aos borbotões do tesouro estadual. É só por isso que a tal fábrica midiática da Assembleia anuncia que, terminado o recesso, o parlamento vai devolver aos cofres do estado 40 milhões de reais. Divulgam isso como se isso fosse uma decisão de para facilitar o Executivo a fazer algo de bom para a população.

Diante dessa realidade é fácil deduzir que o Legislativo recebe dinheiro demais, o que certamente alegra os deputados. Esse dinheiro jorrado dos cofres do Executivo reforça a ideia de que o governo em si está devidamente manietado pelo sistema plutocrático vigente na Assembleia, onde seus membros imaginam que lá estão para elaborar as indefectíveis emendas orçamentarias para suas bases eleitorais. Essa é a maneira mesquinha com que os parlamentares de hoje fazem política.

 

A SAÍDA

A Polícia Federal voltou a pisar nos limites da Assembleia rondoniense no ano passado e assustou vários políticos e servidores da Casa ao mesmo tempo que ampliou as esperanças dos pagadores de impostos que alguma mudança positiva pode acontecer nos limites do poder legislativo.

O presidente da Assembleia, deputado Laerte Gomes, chegou ao comando como um símbolo de esperança de novos tempos, de um gestão verdadeiramente ética e republicana. Todavia é bom não deixar no esquecimento uma máxima sempre atual na política desse jovem estado brasileiro: "O importante não é como se entra mas como se sai". As lideranças anteriores também chegaram ao poder carregadas de esperanças, de compromissos de resgate e mudanças na política. E isso aconteceu não apenas no Legislativo, mas também no Executivo.

 

TRAUMATISMO

A saída de boa parte desses gestores da coisa pública foi de um enorme traumatismo para o povo rondoniense. As gestões terminaram não apenas com deficiência nas realizações, no respeito à ética e ao republicanismo. Vários ex-presidentes e outros deputados foram para na cadeia, pelo menos aqueles que não se tornaram foragidos e não torraram alguns milhões com caras bancas de advogados

Na Assembleia não faltou apenas sensatez. Poucos que assumiram sua presidência tiveram dignidade de romper com o borbotões estado de coisas consubstanciados no desvio de dinheiro público, na manutenção de mordomias, na transformação de cargos em moeda eleitoral e defesa dos princípios que permitem o enriquecimento fácil e rápido daqueles acostumados a usar a política para seus próprios benefícios.

 

MENTECAPTOS

Bem, a Assembleia está próxima do final do recesso oficial. Pode então existir esperanças de que seu presidente reassuma as atividades do Poder disposto a cumprir o papel de resgate da instituição, de desenvolver nessa ano uma extraordinária ação com toda a sensatez necessária para deixar, quando for a hora, o cargo ocupado hoje com altivez. Essa é a maneira de pavimentar a via de seu projeto político, lembrando-se sempre os rondonienses não são mentecaptos como imaginavam políticos antigos, inclusive presidentes do Legislativo, sepultados pelo o envolvimento com a corrupção desvairada.

Laerte deveria pensar na história rondoniense recente. Se isso ocorrer vai descobrir que não há sabedoria em manter uma ruma de comissionados em seu gabinete, em manter uma departamento de comunicação social maior do que a redação de grandes veículos nacional e de gastar milhões de reais em publicidade mal feita e desnecessária. É preciso reconhecer e avaliar a vontade popular. Ela diz claramente que o mandatário sem confiança do povo acaba se trumbicando. Em verdade os exemplos mostram inexoravelmente que sabe como se entra mas não se sabe sai.

 

PROJEÇÃO

O advogado Breno Mendes é uma presença constante nas redes sociais onde vai levantando sua bandeira de "Defensor do Povo", título autoconcedido por ele mesmo ao se tornar um paladino no enfrentamento da Energisa, a distribuidora de energia que passou a infernizar a vida de milhares de consumidores com práticas draconianas combatidas pelo jovem advogado.

Breno tem interesses eleitorais na sua caminhada. Ele que já foi secretário municipal e até presidente da Emdur espera definir-se por um partido para as disputas desse ano. Não está certo ainda sobre para qual cargo pretende concorrer. O mais provável é que dispute uma vaga na Câmara Municipal. Todavia, como diz, não descarta uma disputa para a prefeitura.

Tudo isso pelo simples fato de ter como real objetivo conseguir visibilidade para, aí sim, disputar as eleições de 2022. É um jovem determinado, mas ainda sem uma orientação profissional para avançar na política.

EM LINHAS GERAIS (GESSI TABORDA)