Ministra Cármen Lúcia Diz Que Justiça Busca Superar Violência De Forma Digna

14 de fevereiro de 2018 403

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra
Cármen Lúcia, afirmou que o poder Judiciário tem atuado “de forma digna e
correta” para superar a violência no Brasil.

A magistrada participa nesta quarta-feira (14) da cerimônia de lançamento
da Campanha da Fraternidade 2018 na sede da Confederação Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília.

Neste ano, a campanha tem o tema “Fraternidade e Superação da Violência”.
A ministra disse que a atribuição específica do Judiciário é aplicar o Direito
para solucionar toda forma de conflito, ressalvando que “umas [pessoas]
sofrem mais, outras menos”.

Com citações a Chico Buarque e referências ao teórico Thomas Hobbes, a
presidente do Supremo destacou que “voltar a amar o próximo e exercer a
fraternidade, a solidariedade e o perdão é uma necessidade premente e
urgente da sociedade atual”.

Para ela, se “os desagrados e os ódios que azedam humores e adversam
afetos” não forem superados, haverá “retrocessos bárbaros à nossa
convivência”. O momento atual de violência, destacou, “foi poucas vezes visto
na História”.
Cármen Lúcia relembrou ainda de sua infância no interior de Minas Gerais.
“Quando criança, eu ouvia da minha mãe que, se eu tivesse algum problema,
chamasse um adulto que estivesse por perto. Hoje, vejo mães e professoras
alertando para que crianças desconfiem e temam um ser humano que se
aproxime da porta da escola”, disse.

“Ensina-se, por uma contingência infeliz do momento em que vivemos, que o
outro, o que se aproxima, não é necessariamente um amigo. A desconfiança e
a violência contra o outro é o que se prega, fazendo do outro não um irmão,
mas alguém a quem precisamos combater”, afirmou.

De acordo com a ministra, a realidade violenta da sociedade de hoje não
condiz com “os marcos civilizatórios de pacificação” do país.
“Essa campanha que se inicia dá a tônica da imperativa mudança que se
impõe: a de crer que o irmão ao lado é um aliado, porque igual em sua
condição humana”, disse ela, ressaltando que a superação da violência é uma
bandeira “de todas as crenças, até de quem não tem crença”.