"Mea culpa"

16 de julho de 2018 512

Fiquei admirado com o rasgo de honestidade encontrado no artigo "Autocrítica e futuro" (Folha 12/7) de Arthur Virgílio Neto, influente político do PSDB, ao afirmar que seu partido ou renasce com honra ou deixa de existir. Ele distingue o antigo PSDB de Covas, Montoro e Fernando Henrique que, pela implantação do Plano Real, acabou com o monstro da hiperinflação, dando credibilidade econômica e política ao Brasil no âmbito nacional e internacional.  Diferente é o PSDB de Aécio Neves e de outros líderes políticos da atualidade, que se preocupam mais em interesses pessoais do que nas reformas estruturais do que nosso país tanto precisa. Que bom seria se também o PT fizesse autocrítica, confessasse suas culpas, distinguindo o partido do primeiro mandato de Lula, preocupado em diminuir a miséria do povo, dos petistas que vêm usando cargos públicos para se enriquecerem, corrompendo empresários e banqueiros, assaltando a administração do Estado.

             Já passou da hora de tomarmos consciência de que nenhuma democracia se sustenta, por longo tempo, com base numa corrupção generalizada, correndo o risco da falência das instituições democráticas. Presidenciáveis e outros candidatos a cargos públicos deveriam apresentar a seus eleitores planos de reforma do Estado, especialmente no âmbito político-eleitoral. Os futuros deputados e senadores deveriam explicar ao povo como resolver o enorme déficit fiscal, o Governo gastando mais do que arrecada (quem irá pagar a diferença?); como acabar com funcionários meramente burocráticos, contratados por nepotismo ou outro meio espúrio e não por competência comprovada; como conseguir a harmonia entre os Três Poderes se quem nomeia os Ministros do Supremo Tribunal Federal é o Presidente da República; como evitar os supersalários e tantos privilégios se os congressistas fazem as leis em causa própria.  Se não tomarmos as medidas necessárias corremos o risco da volta a um regime de força, semelhante a outra Cuba ou Venezuela da América Latina. A culpa seria de todos nós, pois escolhemos nossos representantes visando interesses particulares e não o bem da coletividade. O egoísmo, parlamentar ou popular, é o pior inimigo da democracia!

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Salvatore D' Onofrio 
Dr. pela USP e Professor Titular pela UNESP 
Autor do Dicionário de Cultura Básica (Publit)
Literatura Ocidental e Forma e Sentido do Texto Literário (Ática)
Pensar é preciso e Pesquisando (Editorama)
www.salvatoredonofrio.com.br
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