Lula promete reciprocidade diante de possíveis taxações americanas

6 de fevereiro de 2025 69

Em meio a um cenário de crescente tensão comercial internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (5) que o Brasil não hesitará em aplicar o princípio da reciprocidade caso os Estados Unidos imponham novas tarifas aos produtos brasileiros. A declaração vem em um momento crítico das relações comerciais globais, marcado pela nova onda protecionista do presidente Donald Trump.

 

Números do comércio bilateral

O relacionamento comercial entre Brasil e Estados Unidos atingiu marcas significativas em 2024:

  • Volume total de comércio: US$ 80,9 bilhões (aumento de 8,2% em relação a 2023)

  • Exportações brasileiras: US$ 40,33 bilhões (recorde histórico)

  • Indústria brasileira: US$ 31,6 bilhões em vendas aos EUA (crescimento de 5,8%)

  • São Paulo lidera as exportações (33,6% do total, US$ 13,5 bilhões)

Nova onda protecionista de Trump

Donald Trump iniciou 2025 com medidas protecionistas agressivas:

  • Tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e México

  • Sobretaxa de 10% para importações chinesas

  • Ameaças de expansão das medidas para outros parceiros comerciais

Posição brasileira

O presidente Lula destacou pontos importantes:

  1. O Brasil está amparado pelas regras da OMC, que permitem taxação de até 35%

  2. Preferência por redução mútua de tarifas

  3. Defesa da diplomacia e diálogo internacional

  4. Abertura de 303 novos mercados para produtos brasileiros em 2024

  5. Impactos e perspectivas

    Especialistas apontam que, embora o Brasil mantenha déficit comercial com os EUA - o que teoricamente o colocaria fora do alvo inicial de Trump - o país pode sofrer impactos indiretos:

  6. Desestabilização das cadeias globais de suprimentos

  7. Possível redirecionamento de produtos de países afetados para o mercado brasileiro

  8. Pressão sobre preços internacionais de commodities

  9. Contexto histórico

    As medidas protecionistas de Trump não são novidade. Durante seu primeiro mandato (2017-2021), ele já havia implementado diversas barreiras comerciais, incluindo:

  10. Guerra comercial com a China

  11. Renegociação do NAFTA

  12. Tarifas sobre aço e alumínio

  13. Questões paralelas

    A tensão comercial se soma a outros pontos de atrito nas relações Brasil-EUA:

  14. Questão das deportações de brasileiros

  15. Perspectivas futuras

    Analistas econômicos sugerem que o Brasil pode enfrentar desafios significativos:

  16. Necessidade de diversificação de mercados

  17. Possível impacto na balança comercial

  18. Oportunidades em nichos específicos onde outros países perdem competitividade

  19. O momento exige cautela e habilidade diplomática do Brasil para navegar este cenário complexo, mantendo tanto sua soberania comercial quanto suas importantes relações com os Estados Unidos.

  20.  
  21. Divergências sobre política ambiental

  22. Posicionamentos distintos em questões geopolíticas

"O que precisamos é de paz e serenidade nas relações comerciais", afirmou Lula, resumindo o desejo brasileiro de manter o diálogo aberto enquanto se prepara para possíveis cenários adversos.

Bravatas

Na entrevista às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH, de Minas Gerais, Lula também alertou que não se deve ter preocupação com as “bravatas” do presidente Donald Trump, já que “ninguém pode viver de bravata a vida inteira”. “É importante que a gente comece a selecionar as coisas sérias para que a gente possa discutir”, afirmou.

Tem um tipo de político que vive de bravata. O presidente Trump fez a campanha dele assim. Agora, ele tomou posse e já anunciou [que pretende] ocupar a Groenlândia, anexar o Canadá, mudar o nome de Golfo do México para Golfo da América. E já anunciou reocupar o Canal do Panamá”, acrescentou Lula.

Deportações

O Brasil concordou com a realização de voos de repatriação, desde 2018, para abreviar o tempo de permanência de seus nacionais em centros de detenção norte-americanos, por imigração irregular e já sem possibilidade de recurso. Ao tomar posse em janeiro deste ano, Donald Trump prometeu intensificar as deportações de cidadãos estrangeiros que estejam irregulares nos Estados Unidos.

Nós tivemos contato com o caso mais grave, que foi o avião que teve problema, na sua pressurização. Esse avião parou em Manaus, e aí as pessoas estavam acorrentadas para descer do avião. E eles queriam levar as pessoas acorrentadas para Minas Gerais”, contou Lula.

Enquanto eles estão dentro do avião no território americano, eles são cidadãos que pertencem à política e à lei dos Estados Unidos, mas, quando eles chegam no território nacional, que o avião abre a porta, eles estão submetidos à legislação brasileira e disso nós vamos cuidar”, afirmou o presidente.

 

Fonte: ALAN ALEX