Lula equipara o TSE ao CNE de Maduro

31 de julho de 2024 198

A  Globonews realizou uma entrevista chapa-branca com Lula sobre as eleições na Venezuela. 

Em um dos trechos, o amigo universal das ditaduras afirma que “não tem nada de grave, não tem nada assustador” acontecendo no país vizinho.  

Nesse mundo da carochinha descrito pelo presidente brasileiro, o processo eleitoral da Venezuela não foi contaminado por arbitrariedades desde muito antes da ida às urnas.

Tudo que existe é uma discordância trivial entre situação e oposição, em relação ao resultado da votação do último domingo.

Um apêndice da ditadura

“Um concorda, outro não”, disse Lula a respeito dos resultados anunciados pelo regime de Nicolás Maduro.  

Nesse caso, a solução é simples: “Entra na Justiça e a Justiça [decide]”.  

Lula se esqueceu de mencionar que Maduro já qualificou sua vitória como “irreversível”.  

Mas, ainda que o caudilho não tivesse feito essa declaração, seria ridículo esperar um julgamento isento do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela. O órgão nada mais é que um apêndice da ditadura bolivariana.  

Passando pano para o CNE

Implicitamente, Lula equiparou o CNE às instituições que zelam de maneira autônoma pelas eleições em outros países.

Entre elas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Lula levou água ao moinho de todos que questionaram e ainda questionam o sistema eleitoral brasileiro. 

Se o padrão de legitimidade é o conselho que ajuda Maduro a roubar eleições, o que pensar do tribunal que deu a vitória ao próprio Lula em 2022?  

O pecado que o TSE não cometeu

O trabalho do TSE está sujeito a muitos tipos de contestação.

O tribunal criou para si próprio um órgão de policiamento do debate político, a famigerada Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação.

Seus ministros atropelaram a lei para cassar o mandato parlamentar Deltan Dalagnol, com base em nada mais do que conjecturas.

Ao editar regras para as eleições de 2024, eles também não hesitaram em atropelar o Congresso e o Marco Civil da Internet. 

Manipular o resultado das urnas, contudo, não é algo que se conta entre os pecados do TSE. Nenhum processo de votação no Brasil foi mais esquadrinhado que o de 2022. Jamais se conseguiu demonstrar qualquer irregularidade no registro e na totalização dos votos.

Teorias da conspiração

Mas alguém duvida que o discurso de Lula sobre como validar uma eleição fraudada, submetendo os resultados a um conselho cooptado pelo poder, servirá para alimentar teorias da conspiração no Brasil?  

Na sanha de dar proteção a Maduro, Lula é cruel com os venezuelanos, cada vez mais miseráveis e desesperançados.  

Ele também é nocivo para a democracia brasileira. E ainda há quem passe pano para ele.  

Fonte: Carlos Graieb