Intoxicação por metanol: com PCC fora, polícia tem outras hipóteses

1 de outubro de 2025 112

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou, em entrevista coletiva, realizada nesta terça-feira (30/9), não haver indícios de que o crime organizado esteja envolvido com os casos de intoxicação por metanol registrados em São Paulo nos últimos dias.

Além disso, o governo paulista divulgou que a Secretaria da Segurança Pública (SSP) descarta, por ora, o envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) no esquema, considerando a estrutura de fabricação encontrada nos locais vistoriados.

Com o descarte do PCC, as autoridades suspeitam que as práticas ilegais sejam realizadas por quadrilhas independentes, uma vez que nunca havia registro de uso de metanol na adulteração de bebidas alcoólicas. Entre as linhas de investigação, estão a contaminação indireta, acidente no processo ou até o uso da substância para lavar garrafas reaproveitadas.

 

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Autoridades paulistas realizam operações contra a intoxicação por metanol em bebidas

Autoridades apreenderam em um mercadinho mais de 40 garrafas de whisky, gin e vodca

Procon participa da operação também

Polícia de SP diz que investiga quatro casos de contaminação por metanol na capital e mais quatro na Grande SP

Um estabelecimento no Jardins, outro na Mooca, um na Vila Mariana e outro em São Bernardo foram interditados

A Polícia Federal (PF) também está investigando a situação e, apesar do governo estadual de São Paulo descartar a atuação do PCC, a corporação vai apurar a participação de facções criminosas na adulteração de bebidas.

O diretor geral da PF, Andrei Rodrigues, detalhou, nesta terça-feira, a possibilidade de ligação do caso com o crime organizado.

“Dentro das razões [para a investigação da PF], a possível conexão com investigações recentes que fizemos, especialmente no Paraná, que se conectou com outras duas em São Paulo, em razão de toda a cadeia de combustível. Uma parte disso passa pela importação de metanol pelo [Porto de] Paranaguá. Portanto, a necessidade de entrarmos nesse caso por essas razões. A investigação dirá se há conexão com o crime organizado”.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também afirmou nesta terça que há suspeita de envolvimento de uma organização criminosa nos casos de intoxicação por metanol. Ele não citou o nome, mas a investigação deve mirar na facção paulista PCC.

A declaração foi dada durante coletiva de imprensa para detalhar o plano de ação do governo federal diante dos casos de intoxicação pela substância em bebidas alcoólicas. Veja

Estabelecimentos fechados e prisões

Três estabelecimentos foram fechados na capital e na região metropolitana de São Paulo após o registro de casos suspeitos de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas.

Em São Paulo, os bares interditados estão localizados nos bairros dos Jardins e Mooca. Eles passaram por fiscalização nessa segunda-feira (29/9), resultando na apreensão de mais de 100 garrafas de bebidas alcoólicas.

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Estabelecimento nos Jardins é interditado pelas autoridades sanitárias após caso de intoxicação de bebidas com metanol

Estabelecimento nos Jardins é interditado pelas autoridades sanitárias após caso de intoxicação de bebidas com metanol

Estabelecimento nos Jardins é interditado pelas autoridades sanitárias após caso de intoxicação de bebidas com metanol

Conforme mostrado anteriormente pelo Metrópoles, o número chegou a ser 112 garrafas de vodca em diferentes pontos da capital paulista, incluindo 17 na Mooca.

Além disso, não apareceu na contagem de interditados do governo, mas uma distribuidora teve sua atividades de comércio parcialmente interditadas, vetando a comercialização de bebidas alcoólicas. Parte dos produtos destilados foi lacrada no local.

Segundo a Prefeitura de São Paulo, um estabelecimento na região da Vila Mariana, o proprietário não apresentou as notas fiscais dos produtos destilados, que foram lacrados e encaminhados para análise pela Polícia Civil.

Os proprietários foram orientados a apresentar as notas fiscais correspondentes para comercialização.

Em São Bernardo do Campo, a interdição feita nessa terça-feira resultou na apreensão de bebidas encaminhadas à perícia policial.

As operações policiais também já prenderam dois suspeitos envolvidos nas intoxicações. Quatro distribuidoras foram identificadas como suspeitas e 50 mil garrafas de bebidas com suspeita de adulteração foram apreendidas. Outros 15 milhões de selos fraudados foram encontrados.

Em setembro, 43 mil fiscalizações foram realizadas em estabelecimentos comerciais espalhados em todo o estado.

Até o momento, o governo confirma sete casos de intoxicação por metanol, com suspeita de consumo de bebida adulterada. Outros 15 casos seguem em investigação. Já foram registradas cinco mortes: uma na capital e quatro ainda em análise — três em São Paulo e um em São Bernardo do Campo. Quatro casos foram descartados.

Alerta

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo emitiu, nesta terça-feira (30/9), um alerta aos profissionais de saúde sobre o risco de intoxicação por ingestão de metanol.

O aviso foi realizado por meio do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) e do Centro de Vigilância Sanitária (CVS). A substância pode estar presente em bebidas alcoólicas clandestinas ou adulteradas e, por ser altamente tóxica, leva à cegueira permanente e até ao óbito.

O alerta divulgado aos serviços de saúde do estado reforça que os sinais e sintomas costumam aparecer entre 6 e 24 horas após a ingestão.

Sintomas de intoxicação por metanol

  • Sonolência
  • Tontura
  • Dor abdominal
  • Náuseas
  • Vômitos
  • Confusão mental
  • Taquicardia
  • Visão turva
  • Fotofobia
  • Convulsões
  • Acidose metabólica

Nos casos mais graves, pode haver cegueira irreversível, choque, pancreatite, insuficiência renal e comprometimento neurológico.

Segundo a pasta, o paciente com quadro incomum após ingestão de bebida alcoólica deve ser avaliado imediatamente e realizar exames laboratoriais e avaliação oftalmológica. O alerta emitido traz orientações técnicas sobre a conduta clínica a ser adotada nestes casos.

Fonte: ENZO MARCUS