Imperativo categórico

Causa estranhamento e preocupação o governo Bolsonaro dar pouco valor às disciplinas humanas, especialmente filosofia e sociologia, privilegiando matérias técnicas, como engenharia ou veterinária, para o progresso do nosso País. Com tal mentalidade, o Presidente e seus Ministros vão fazer o Brasil retroceder! Eles deveriam saber que o "homo sapiens" começou a distinguir-se dos outros animais pela evolução da massa cerebral. É a capacidade de pensar que nos torna humanos, provocando o avanço civilizacional, expresso pela vitalidade política e econômica. Sem reflexão não haveria forma alguma de ciência ou arte.
A própria religião, para nos possibilitar o sonho da existência de um mundo sobrenatural, precisa de atividade mental. A diferença está no fato de que, enquanto a fé nos faz acreditar piamente na palavra de profetas, pressupostamente inspirados por alguma divindade, a filosofia nos ensina a raciocinar com base na verdade histórica e nas descobertas científicas. Os Dez Mandamentos de Moisés, os ensinamentos de Maomé e os dogmas do Cristianismo poderiam ser substituídos, simplesmente, pelo "imperativo categórico", formulado pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804): "Age com os outros como gostaria que eles agissem com você". Se esta Lei do respeito ao outro fosse aceita como Universal, ensinada nas escolas e praticada pelos nossos políticos, não haveria mais roubos, violências, intolerâncias, injustiças sociais. A filosofia, exercitando o poder da mente, é, sem dúvida, a disciplina mais útil para a sociedade por fazer nos entender que o sucesso econômico deve ter por base o trabalho e a honestidade.
Salvatore D' Onofrio
Dr. pela USP e Professor Titular pela UNESP
Autor do Dicionário de Cultura Básica (Publit)
Literatura Ocidental e Forma e Sentido do Texto Literário (Ática)
Pensar é preciso e Pesquisando (Editorama)
www.salvatoredonofrio.com.br
http://pt.wikisource.org/wiki/Autor:Salvatore_D%E2%80%99_Onofrio