Excepcional: a história de amor e superação de Maria do Carmo e a filha Diana

23 de agosto de 2019 425

Segue até o dia 28 deste mês a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. A data foi instituída para informar a população sobre as dificuldades que essas pessoas enfrentam no dia a dia, além de desconstruir preconceitos e estigmas.

 

Em 1964 foi criada a Semana Nacional da Criança Excepcional, que mais tarde, passou a se chamar Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, e há três anos foi sancionada a Lei 13.585, de 26 de dezembro de 2017, que instituiu a data dedicada às pessoas excepcionais.

Instituições, como a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), 

“A semana dedicada aos excepcionais serve para mostrar à população, que apesar de suas limitações, somos todos iguais”, disse Maria Cristina Athayde, assistente social da Apae Cachoeiro.

 

Para saber mais como é a rotina de um excepcional e as dificuldades enfrentadas, a reportagem do AQUINOTICIAS.COM conversou com Maria do Carmo Hemerly de Backer, mãe da Diana, 25 anos, portadora da síndrome de Down.

Diana vive uma vida comum, vai à escola, adora cortar e colar figurinhas, ver filmes sobre dinossauros, ama animais e gosta muito de passear no shopping e na praia. Apesar da vida feliz e saudável de Diana, a dona de casa conta que ainda enfrenta preconceitos e dificuldades no processo de inclusão da filha, além do drama da aceitação.

Preconceito

Maria do Carmo conta que o processo de inclusão sempre foi bastante difícil. Quando Diana nasceu não era normal ver crianças com síndrome de Down. “As pessoas olhavam torto, porque era diferente. Na igreja que eu frequentava, uma mulher chegou a chorar quando viu a Diana pela primeira vez, porque ela não sabia que pessoa com Down era daquele jeito. Hoje em dia ainda existe o preconceito, que ainda é forte, mas não como antes, mas Diana é muito querida por todos”, conta.

Uma da maiores dificuldades foi incluir Diana em escolas regulares, pois havia muita burocracia. “Tinha que levar vários exames, laudos médicos. Tinha que ter professor só pra ela”, lembra, ressaltando que até para a própria pessoa com deficiência, lidar com a sociedade, que é diferente dela, é difícil, pois sempre vão te olhar diferente.

Diana sabe que é diferente dos outros. A mãe chama a atenção da sociedade que precisa se educar para conviver com uma pessoa com Down ou outra deficiência. Hoje a jovem estuda na Apae. Ela já passou por escolas regulares, mas não se adaptou.

“É uma questão, também, de adaptação. Ela é muito delicada. Teve muitas dificuldades. Não ficava na sala de aula, ficava nos corredores, porque a audição dela é extremamente sensível a barulhos. Não tinha professor exclusivo. Foi difícil. Já na Apae, ela se sente em casa. Tem muitos coleguinhas e tias que ama muito. Faz diversas atividades que estimulam o pensamento, a coordenação motora, dentre outras coisas. Tem crianças com Down que se adaptam muito facilmente, mas com ela foi diferente”, explica.

Ser mãe de uma criança excepcional

Maria do Carmo conta que ser mãe de uma criança excepcional não foi fácil no início e que teve uma fase complicada de aceitação e adaptação.

“É uma batalha diária, ter um filho especial é trabalhoso. Hoje dedico minha vida exclusivamente a ela. Não trabalho fora. Enfrentei muitas coisas e abdiquei muito da minha vida. Mas ela é o xodó da casa. Continua sendo difícil, porque o grau da síndrome dela é avançado. Ela tem 25 anos, mas tem a mentalidade de uma criança. Então, são cuidados 24 horas. Divido a atenção dela com minha mãe, de 91 anos, de quem cuido também de maneira exclusiva. Diana me ajuda também com essa tarefa, dentro de suas possibilidades, a avó é o amorzinho dela. Também conto com a ajuda dos meus outros três filhos, já adultos e independentes, que me auxiliam sempre que preciso. Ter um filho excepcional é ter amor para o resto da vida. Não tem nada no mundo que pague todo o carinho dela”, finalizou.