Eutanásia

O Editorial da Folha (24/2) "Direito à morte" relata a recente aprovação do Parlamento português ao procedimento da eutanásia (a "boa morte", literalmente), permitindo interromper a vida de pacientes terminais incuráveis. Trata-se de um tributo à dignidade humana, à autonomia e à liberdade pessoal, acima de preconceitos éticos ou religiosos. Quem não pediu para nascer, tem que ser ajudado para morrer, se assim desejar. Mesmo um referendo, cuja maioria proibisse a eutanásia, seria injusto, pois ofenderia uma minoria a favor. O mesmo diga-se para o aborto, cuja permissão beneficia apenas a mulher que quiser. Ninguém tem o direito cívico de opor-se a normas puramente permissivas, não obrigatórias e que não prejudiquem a coletividade. Lembro a celeuma de anos atrás dobre o divórcio, considerado um pecado mortal no Brasil, sujeito à excomungão. Hoje em dia, os divorciados são aceitos normalmente pela sociedade. Trata-se apenas da evolução mental da coletividade. O mesmo espero acontecer futuramente com a eutanásia e o aborto no início da gestação.
Salvatore D' Onofrio
Dr. pela USP e Professor Titular pela UNESP
Autor do Dicionário de Cultura Básica (Publit)
Literatura Ocidental e Forma e Sentido do Texto Literário (Ática)
Pensar é preciso e Pesquisando (Editorama)
www.salvatoredonofrio.com.br
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