EM QUE MOMENTO O BRASIL TINHA SE F...O? E COMO O QUADRO ESTÁ MUDANDO?
A primeira pergunta, obviamente, coloca o Brasil diante da mesma indagação que Mario Vargas Llosa, no seu clássico Conversa na Catedral, fez sobre o país dele: ¿En que momento se había jodido el Perú?.
O Brasil é pródigo em momentos patéticos, quando desperdiçou chances claríssimas de construir um futuro bem melhor para seu povo. Caso de 1792, quando delatores fizeram fila (Joaquim Silvério dos Reis estava longe de ser o único...) para delatar ao Visconde de Barbacena a Inconfidência Mineira.
Com isto, continuou por mais três longas décadas sendo colônia do minúsculo Portugal, que muito dele tirava, quase nada dava e teria sido facilmente derrotado nos campos de batalha se seus filhos não fugissem à luta.
E no século passado teve a chance de uma verdadeira redemocratização em 1984, mas, rejeitando a emenda Dante de Oliveira, saiu da ditadura militar pela porta dos fundos, entregando a faixa presidencial para um notório serviçal do regime que findava.
Outros exemplos eu poderia citar, mas encompridariam demasiadamente este artigo, portanto falemos apenas da última vez em que o Brasil sifu. Foi durante o medíocre primeiro mandato de Dilma Rousseff, que quis porque quis fazer a economia brasileira crescer graças a investimentos estatais, como se ainda estivéssemos no tempo do Petróleo é nosso .
Tornou-se inevitável uma aguda recessão e, quando caiu para a Dilma a ficha de que seria este o seu legado para o governo seguinte, não teve sequer a humildade de reconhecer que não conseguiria desfazer a lambança. Fez questão cerrada de reeleger-se, pensando em salvar sua biografia.
Recorreu a um economista insignificante que servia ao inimigo de classe (Joaquim Levy) para consertar a lambança e, quando este previsivelmente fracassou, praticamente desistiu de defender seu mandato no front econômico, preferindo travar a batalha nos campos mais favoráveis ao inimigo (o político e o jurídico), nos quais sua derrota era certa.
Insistindo em permanecer presidente até o mais amargo fim, ao invés de renunciar para que a esquerda pudesse iniciar um contra-ataque, a mãe do fracassado Plano de Aceleração do Crescimento foi também mãe da vitoriosa escalada da extrema-direita, pois, nas manifestações de rua em prol do impeachment, os fascistas não paravam de acumular forças e nós, de perdê-las.
Como resultado estabeleceu-se a detestável polarização entre dois populistas nutridos pela cultura do século 20, ancorando o Brasil no passado ao invés de atualizá-lo para aproveitar as oportunidades do século 21.
Lula só enganou bem durante seu primeiro mandato, quando tirou a sorte grande com o boom das nossas commodities, que gerou apreciável crescimento econômico. Mas, foi só. Desde então alternaram-se governos liberais do PT e o ultradireitista do Bolsonaro, sempre muito aquém das necessidades brasileiras.
Nosso país, portanto, se ferrou pela última vez em 2012, quando Dilma lançou as bases do bolsonarismo e da polarização. E vai finalmente se livrar dos velhos caciques das duas seitas graças aos sucessivos fiascos de ambos, um prestes a ver o sol nascer quadrado e o outro só carecendo de manto e coroa para se tornar uma perfeita rainha da Inglaterra.
Ademais, as sucessivas hospitalizações de Lula e Bolsonaro já convenceram respectivos esquemas políticos de que nenhum deles terá sequer vigor físico para aguentar mais um mandato. Então, as escaramuças internas nos esquemas políticos dos dois astros cadentes já visam à definição de quem os substituirá no pleito presidencial de 2026.
Tal disputa já começou quente e se prenuncia como uma verdadeira briga de foice no escuro... (por Celso Lungaretti)
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