Dia do Médico: profissionais falam sobre os desafios e recompensas da profissão

Eles não são super-heróis, mas salvam vidas todos os dias. Para homenageá-los, no Dia do Médico, celebrado hoje, o AQUINOTICIAS.COM conversou com dois profissionais da área para saber sobre os desafios e recompensas da profissão.
José Pulido, há 22 anos médico oncologista, afirma que o grande desafio da profissão é lidar diariamente com o bem maior das pessoas: a vida. “Acredito que para ser médico é indispensável um compromisso com o ser humano. A oportunidade que a medicina nos dá de poder, trabalhando, ajudar o próximo diariamente é extremamente recompensador”.
Para o cardiologista Wilson Júnior, formado há 15 anos, não é diferente. “Lidamos com pessoas diferentes, crenças diferentes, perspectivas e certezas diferentes das nossas. É preciso adequar isso com cuidado, afinal, estamos falando sobre vidas. É necessário saber como atingir cada paciente da melhor maneira, gerando saúde e mudanças de hábitos”, contou.
Ainda segundo Júnior, a maior recompensa é o carinho dos pacientes. “É maravilhoso lidar com pessoas, embora os desafios. Receber a gratidão e o carinho de um paciente nos dá força para seguir e a certeza de que estamos no caminho certo”.
O pior momento da medicina
“A morte sempre é um momento difícil, delicado. A morte pode ser um processo natural de uma vida longa e bem vivida e neste caso encaramos como um processo natural. Já a morte precoce, que interrompe a vida de um jovem, esta é difícil! O sentimento de perda e de derrota acontece. Mas o médico tem que saber amadurecer com cada derrota e cada vitória, para poder ajudar a cada dia melhor os pacientes e familiares que futuramente virão a necessitar de seus cuidados”, afirmou Pulido.
Wilson relata que nos 15 anos de profissão ainda não se acostumou com a perda de um paciente. “É o pior momento da medicina. Em todos esses anos, não consegui me acostumar. É difícil traduzir em palavras o sentimento”, disse.
Orgulho
Embora as dificuldades impostas pela profissão, tanto para Pulido quanto para Wilson, o sentimento é o mesmo: orgulho. “Amo minha profissão. Sou um privilegiado por ter tido esta oportunidade na vida. Agradeço a Deus por isso”, disse o oncologista.
Wilson conta que não se vê em nenhuma outra profissão. “Embora muitos desafios, sou apaixonado pelo que faço. Amo minha profissão. Não me vejo em nenhuma outra área a não ser a medicina”.
Desafios
Em 2002, José Pulido e a esposa, também oncologista, Sabina Aleixo, se depararam com um grande desafio: deixar Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, para ingressar no Espírito Santo, mais precisamente no Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim.
Pulido nasceu no interior, cresceu na roça, em uma família de produtores rurais. “Me lembro que médico era uma profissão admirada e respeitada pela minha família. Em algum momento, ser médico passou a ser um sonho e, em 1991, fiz vestibular para medicina e iniciei a carreira”.
Para Wilson, além dos desafios que a própria profissão impõe, existe um ainda maior: conciliar tempo entre a cardiologia e os filhos Elis, 2 anos, Rafael, 1 ano, e a esposa, Tháina Soares, também médica cardiologista.
Wilson conta que, desde pequeno, a família sempre acreditou que ele seria médico. “Sempre tive muita curiosidade pela medicina. Tinha um tio médico que admirava muito. Juntando as duas coisas, não podia ser diferente. Isso gerou em mim o sonho de ser médico e, desde então, em meio as dúvidas, medos e incertezas, já que minha família não tinha condições de bancar os estudos, fiz vestibular pela Federal e realizei o sonho de ser médico”.
Elis parece querer seguir o ditado popular: “filho de peixe, peixinho é”. O pai aposta que no futuro ela poderá ser uma médica. “Curiosamente, os brinquedos preferidos da Elis são os de médicos. Ela adora brincar com coisas da saúde. Isso é muito engraçado, porque embora nós sejamos médicos, ela nunca foi estimulada para isso”, revela Dr. Wilson.
Saúde brasileira
Para os dois médicos, o sistema público de saúde ainda precisa melhorar muito. No dia a dia, os profissionais da saúde se deparam com as dificuldades dos pacientes na busca pelo atendimento de qualidade.
“Nunca pensei em desistir pela profissão, mas já pensei em desistir pelas condições de trabalho que nosso País dispõe. É muito triste chegar em um pronto atendimento e encontrar pacientes em macas extras, alguns internados em cadeiras, outros no chão, sem os cuidados necessários. O descaso coma saúde no nosso País ainda é muito grande, principalmente, com os mais pobres”, conta o cardiologista.