Defesa de Bolsonaro critica delação de Cid: “Mentiu pela enésima vez”
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que não há provas na delação premiada do ex-ajudante de ordens que o incriminem como integrante da suposta trama golpista.
O advogado Celso Vilardi disse que a delação de Mauro Cid à Polícia Federal (PF) é uma “sucessão inacreditável de fatos” e que não existe “uma única prova que atrele o presidente ao Punhal Verde e Amarelo”.
“Não há uma única prova que atrele o presidente a Punhal Verde e Amarelo, operação Luneta e 8/1”, afirmou Vilardi. “Nem o delator, que sustento que mentiu, chegou a dizer participação no Punhal, Luneta, Copa 2022 e 8 de janeiro”, sustentou o advogado.
Vilardi prosseguiu: “Não é uma parte da pena, em razão de ela ter parte de omissão ou contradição — isso é algo que deve anular a colaboração. Ela não pode ser aproveitada.”
O advogado ponderou que as várias versões apresentadas por Mauro Cid no âmbito da delação demonstram omissão do colaborador. “Ele mentiu pela enésima vez. E agora com duas questões: ele rompeu a delação formalmente, porque na verdade rompeu o contrato, ele mentiu e colocou sua voluntariedade em xeque”, disse.
Voluntariedade
O advogado do ex-presidente ressaltou a questão de que Cid supostamente trocava mensagens pelo Instagram com o advogado Eduardo Kuntz, que representa o ex-assessor Marcelo Câmara. Para a defesa, ao revelar trechos da delação, Cid acabou por comprometer a própria voluntariedade — o que rescindiria o acordo.
“O que tem é mais uma conversa em que ele está, na verdade, questionando a sua própria voluntariedade. Ele diz que foi dirigido. Ele disse que foi induzido. Ele disse que não tinha golpe por parte do Bolsonaro, mas que a autoridade queria conduzir para isso. Está escrito”, afirmou Vilardi.
O advogado acrescentou que a PF trata do assunto em um inquérito separado, mas que as provas são claras e indicam que Cid quebrou o acordo. “E, aliás, isso também não é uma novidade, porque isso já tinha saído lá na primeira matéria da revista Veja. São praticamente as mesmas frases. É que lá ele disse que foi um desabafo. Agora ele repete as mesmas frases, o que coloca em xeque a sua voluntariedade. Mas aí, senhor presidente, vem algo que aqui se falou: não está sempre investigado”, completou.
Veja como foi o segundo dia de julgamento de Bolsonaro e mais 7 réus no STF:
“Mauro Cid foi pego na mentira pela enésima vez”, acrescentou Villardi. “Esse homem (Cid) não é confiável”.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retomou, às 9h18 desta quarta-feira (3/9), o julgamento da ação penal que investiga a suposta trama golpista atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a outros sete réus do núcleo 1, ou “núcleo crucial”, da Ação Penal nº 2.668.
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Nesta quarta, a sessão da Primeira Turma ocorre no horário da manhã, das 9h às 12h.