CURIOSIDADE: UM BOM DRAMA SOBRE ESGRIMISTAS DOS DIAS ATUAIS

6 de janeiro de 2023 229

 

O último duelo (d. Jeremy Kagan, 1991) é um filme do tempo em que havia  qualidade artística e vida inteligente no cinema de entretenimento. 

Hoje, dificilmente encontraríamos algo assim nas salas de espetáculo, que cada vez mais fornecem emoções baratas para públicos infantilizados, com profusão de efeitos especiais, vazio de ideias e indigência nos roteiros (os que prestam são geralmente os de refilmagens de fitas de várias décadas atrás).

Max (F. Murray Abrahams), um homem atormentado por pesadelos do passado, procura a escola de esgrima do recordista olímpico Villard (Eric Robets), que se aposentou invicto quando já não tinha mais adversários à altura, passando então a lecionar para jovens riquinhos.   

Apesar de pleitear uma vaga de professor, Max está destreinado e não convence Villard, que, contudo, lhe oferece o cargo de faxineiro. Ele aceita. 


E, aos poucos, treinando nas horas de folga, ele vai voltando a ser o grande esgrimista que fora e afinal recebe a oportunidade de lecionar, como pretendia.

Os dramas dos jovens alunos são outros pontos de interesse, principalmente no que se refere à influência exercida sobre eles por Villard, que tenta moldá-los como vencedores impiedosos, pois acredita que o pai morreu num duelo por tê-lo encarado como exibição enquanto o adversário o levara a sério. 

Sem se dar conta, Villard pretende que seus pupilos sejam como o assassino do seu pai, pois endeusa-o mas, inconscientemente,  o culpa por ter-se deixado matar, tornando-o um jovem órfão (daí adveio sua obstinação perfeccionista, tendo-se preparado para passar por cima de todos os esgrimistas rivais, até não haver mais a quem derrotar).  

As coisas vão se encaminhando para a revelação do segredo de Max e do que ele realmente estava buscando naquela escola. O desfecho, como era de esperar-se, acontece num duelo mortal à moda antiga, muito bem encenado e convincente, no qual os dois personagens exorcizam os fantasmas de um remoto evento traumático que ainda não haviam absorvido e superado por completo. Recomendo. (por Celso Lungaretti) 

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Fonte: CELSO LUNGARETTI
A VISÃO DEMOCRÁTICA (POR CELSO LUNGARETTI )