Cúpula da PF arma "arapuca" para delegado que prendeu Milton Ribeiro

247 - A sindicância aberta pela cúpula da Polícia Federal para investigar a denúncia do delegado Bruno Calandrini de que a ação foi prejudicada por ingerências poderá se voltar contra ele. Calandrini foi responsável pela operação que resultou na prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro pela suspeita de um esquema de corrupção e tráfico de influência na liberação de recursos da pasta.
Para se contrapor à acusação, a direção da PF vem reunindo elementos que devem ser apresentados em desfavor de Calandrini — e, em última instância, podem até ser usados para puni-lo”, diz o jornalista Rodrigo Rangel, em sua coluna no Metrópoles.
"É o caso, por exemplo, de testemunhos de policiais baseados no estado de São Paulo que dizem ter ouvido do delegado a sugestão de conduzir Milton Ribeiro para uma cela do sistema prisional — e não para a carceragem da própria Polícia Federal — logo após ele ser detido”, destaca a reportagem.
De acordo com o colunista, “a orientação, não cumprida pelos policiais destacados para executar o mandado, foi entendida pela direção como uma tentativa de Calandrini de expor o ex-ministro a condições degradantes e, assim, ampliar as chances de ele prestar um depoimento explosivo ao ser interrogado”.
A sindicância também deverá explorar “o fato de o delegado não ter avisado seus superiores antecipadamente sobre a necessidade de organizar a operação que prendeu Milton Ribeiro e outros suspeitos de participação em um esquema de corrupção no MEC”.
A denúncia de Calandrini de que a operação teria sido alvo de interferências ganhou peso após a divulgação de uma interceptação telefônica apontar que Jair Bolsonaro ligou para Ribeiro insinuando que ele poderia ser alvo de mandados de busca e apreensão.
O inquérito que apura a suspeita de interferência por parte de Jair Bolsonaro está sob a responsabilidade da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia.